Metade das empresas de comércio e restauração reportam quedas de vendas superiores a 50% desde início da pandemia, 72% endividaram-se para cobrir prejuízos e 60% ponderam um plano de proteção de credores em 2021, revela um inquérito da Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) divulgado esta segunda-feira.
O inquérito da AMRR – efetuado entre 1 e 4 de novembro – serviu para "avaliar a sustentabilidade do setor" e teve respostas de associados representativos de mais de 2300 lojas. O estudo demonstra que 50% das empresas apresentam quedas de vendas superiores a 50% e 95% reportam descidas acima de 25% entre 15 de março e 31 de outubro.
O inquérito evidencia ainda que “72% das empresas já tiveram necessidade de aumentar o endividamento bancário para fazer face aos prejuízos e socorrerem a dificuldades de tesouraria e 66% recorreram a fundos próprios ou dos acionistas”.
Por outro lado, 60% das empresas “consideram como provável o recurso a um plano de proteção de credores em 2021”.
No que respeita às medidas defendidas para permitir a viabilização das empresas, 75% dos inquiridos consideram que o regime das rendas variáveis aprovado na Lei do Orçamento Suplementar” é essencial para a sua salvação e para a proteção do emprego”, desde que aplicado desde o confinamento e prolongado para 2021.
Relativamente às novas restrições decretadas no âmbito do estado de emergência, que começa esta segunda-feira, o presidente da AMRR nota que o próprio Governo “reconhece que as medidas são péssimas para a restauração e para o comércio, em especial num período próximo do Natal, que é a salvação do ano para muitos”.
“2020 está a ser catastrófico. Caso não sejam aprovadas medidas de justa repartição do sacrifício entre proprietários, arrendatários e Estado, são dezenas de milhares de empresas que vão à falência e centenas de milhares de empregos perdidos”, alerta Miguel Pina Martins.
Salientando que “está nas mãos do Governo e da Assembleia da República assegurar a aplicação das rendas variáveis no ano 2021 e uma redução das rendas dos lojistas e dos restaurantes de rua”, o dirigente associativo avisa que “só assim é possível, enquanto comunidade e setor, ultrapassar esta crise, repartindo sacrifícios”.
Pina Martins defende ainda, “como medida imediata”, uma flexibilização da lotação dos espaços comerciais, salientando que “os lojistas têm feito investimentos enormes para terem espaços seguros e não sentem que esse esforço esteja a ser reconhecido pelo Governo”.
“A AMRR apela aos decisores políticos que tomem as medidas necessárias para que as empresas do comércio a retalho e da restauração possam sobreviver a esta crise, permitindo a proteção dos mais de 375 mil empregos que o setor gera e a recuperação económica do país”, remata.