Toulouse, domingo, 28 de abril de 1926: pela primeira vez, as seleções de França e de Portugal estavam frente a frente. Veremos o que se passa mais logo, ao fim da tarde, em mais uma versão deste confronto, mas nesse dia de há 94 anos, os franceses ganharam confortavelmente por 4-2. Era apenas o sétimo jogo da equipa de Portugal, que vinha de quatro derrotas seguidas frente à Espanha, uma vitória contra a Itália e um empate com a Checoslováquia. Cândido de Oliveira, que acompanhou a seleção, nessa altura comandada pelo seu amigo e companheiro Ribeiro dos Reis, escreveu: «O resultado do encontro não é de molde a podermos, como quase sempre que as nossas equipas são batidas, dissimular o seu significado com a afirmação de que vencemos… moralmente. Num jogo com a França, que para o futebol é como a República de Andorra para a política mundial, o resultado de 2-4, com as notas concludentes de o marcador ter registado um 1-4, não pode constituir para os portugueses uma vitória moral».
Vivia-se, na Europa, sob a sombra escura de uma nova guerra e um miserável cabo chamado Adolf Hitler já escrevera o Mein Kampf, um libelo anticomunista, antimarxista e, sobretudo, antissemita, e o homenzinho do bigode ridículo andava à solta pela Alemanha alimentando o ódio a torto e a direito.
À distância, com aquela bonomia que o passar das décadas sustenta, olhamos para uma equipa e para a outra e conseguimos vislumbrar duas figuras sinistras frente a frente. Ainda não eram autênticos canalhas, mas viriam a acanalhar-se com brevidade. Um era Alexandre Villaplane, nascido em Argel, ainda Argélia Francesa, a 12 de setembro de 1905; o outro era António Fernandes Roquete, natural de Salvaterra de Magos, onde veio ao mundo a 8 de agosto de 1906. O primeiro, médio de ataque; o segundo, guarda-redes. Trataram, ao longo da vida, de apagar qualquer tipo de respeito que um cidadão com princípios pudesse ter por eles.
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