O Ministério Público acusou um militar da GNR, a sua mulher, e os seu pais, de 32 crimes de burla qualificada e um de branqueamento.
De acordo com um comunicado publicado pela Procuradoria-Geral Regional do Porto esta quarta-feira, os quatro arguidos são um homem e uma mulher, casados entre si, reformados e residentes em Mondim de Basto, um filho de ambos, militar da GNR, e a mulher deste, auditora de justiça, estes residentes em Fafe. Com as burlas, os arguidos terão conseguido mais de 400 mil euros, que permitiriam uma vida de luxo ao GNR e à mulher.
“O Ministério Público considerou indiciado que o arguido militar da GNR, tendo, conjuntamente com a sua mulher, rendimentos modestos, mas pretendendo, além do mais, viajar, frequentar hotéis e restaurantes de luxo, adquirir roupas de marcas dispendiosas e viaturas de gama alta, engendrou um esquema a que aderiu esta sua mulher e os arguidos seus pais, para obterem as quantias monetárias necessárias para tal vida, à custa de terceiros”, revela a mesma nota.
Segundo a acusação, o “esquema passou por o arguido reformado, muito conhecido, considerado e com boa reputação na sua área de residência, acolitado pela sua mulher sempre que necessário, pedir dinheiro emprestado a pessoas que nele confiavam, geralmente pessoas de idade, enganando-as com uma simulada situação de urgência e aflição, para o que alegava uma falsa prisão iminente do seu filho, o arguido militar da GNR, decorrente de problemas com a justiça e/ou uma também falsa possível expulsão deste da GNR; no contexto da alegação, o dinheiro seria necessário para acudir a pagamentos devidos em tribunal, para evitar os referidos desfechos”.
O MP considerou ainda indiciado que, “com base neste argumentário, que sofreu pequenas variações conforme a circunstância e o interlocutor” os arguidos conseguiram que 29 ofendidos, nalguns casos marido e mulher, lhes entregassem, de 2016 a 2019, o montante global de 406.999 euros, "parte substancial do qual financiou um elevado nível de vida económico do arguido militar da GNR e da arguida auditora de justiça".
Os arguidos estão ainda acusados de terem feito circular estas quantias por contas bancárias, com operações para dificultar a sua rastreabilidade, e de as terem reconvertido em inúmeros bens.