Quais as diferenças entre a primeira e a segunda onda de covid-19 no país?

Mais mortes, lares mais atingidos e maior pressão sobre hospitais nesta segunda vaga da epidemia

5x maior que a 1.ª onda

A equipa do Intituto Ricardo Jorge estima que o pico de casos da segunda onda foi atingido entre 23 e 27 de novembro. Houve nessa altura uma média de 5560 casos por dia, cinco vezes a incidência da primeira onda, indicou o epidemiologista Baltazar Nunes na reunião do Infarmed. O RT está a nivel nacional agora abaixo de 1 (0,99), com a onda a entrar em fase descendente. Na região Norte, a mais afetada, atingiu-se uma média de 3000 casos dia, também 5x superior à 1.ª onda.

+ testes e + positivos

De março para cá, a testagem quase triplicou. Mas, apesar de o país fazer muito mais testes, a taxa de positividade atingiu nesta segunda onda valores mais elevados do que na primeira, indicador de maior disseminação da infeção. Na última semana de novembro, o país tinha uma taxa semanal de 2558 testes por 100 mil habitantes, quando só no final de abril chegou ao mil, revelam os relatórios semanais do Centro Europeu de Controlo de Doenças, organismo para o qual Portugal reporta dados. Na primeira vaga, a percentagem de primeiros testes com resultado positivo foi no máximo de 9,9% e nas últimas semanas chegou a atingir os 15,7%, tendo descido agora para 13,2%. 

Pressão nos hospitais

Na primeira onda, o máximo foram 1302 doentes internados, 271 em cuidados intensivos (UCI).  A pressão nos hospitais, que os peritos ouvidos pelo Governo acreditam que está a atingir o pico, mantém-se ainda mais de duas vezes superior. Ontem, estavam internados 3295 doentes com covid-19, 526 em UCI.

Mais idosos infetados

Até ao desconfinamento, a 4 de maio, foram diagnosticados com covid-19 6233 idosos com 70 anos ou mais, a faixa etária associada a maior risco. Na altura, os idosos acima dos 70 anos representaram 24% dos casos (mas os lares também foram todos rastreados). As infeções em idosos começaram a aumentar no final do verão, quando a epidemia voltou a mostrar uma tendência acentuada de crescimento, com maior peso entre a população em idade ativa. Os idosos rondaram sempre cerca de 12% dos casos, mas a incidência foi aumentando à medida que os casos dispararam. Analisando apenas os meses de outubro e novembro nos boletins da DGS, contam-se 28 mil casos de infeção entre idosos com 70 anos ou mais (12,8% dos 218 mil portugueses diagnosticados). No final de novembro, o país tinha uma incidência de 500 casos por cada 100 mil habitantes com mais de 65 anos, quando o pico na primeira onda foi de 124,8.

Lares mais atingidos

Na primeira onda, os lares tiveram no pico de maior incidência 2500 utentes infetados. No final de novembro, revelou ao SOL a DGS, havia 4160 idosos infetados em lares e ainda 1629 funcionários com covid-19, mais do dobro do que se viveu nas instituições na primavera.

O triplo das mortes

Até ao desconfinamento de 4 de maio, a covid-19 foi associada a 1063 mortes no país. Abril tinha sido o mês com mais mortes antes desta segunda vaga, 820. Em outubro morreram 567 pessoas. No mês de novembro,  2033. Portugal registava nesta sexta-feira, 4 de dezembro, um balanço de 4803 mortes por covid-19 desde o início da epidemia – e as projeções apontam que até ao final do ano possa atingir as 6500. Apesar de todos os meses terem havido mortes associadas à epidemia, desde 1 de outubro morreram 2803 pessoas, o triplo das mortes que se  registaram na primeira onda. Até à primeira quinzena de outubro tinham morrido 860 idosos residentes de lares com covid-19, 40% das vítimas no país. No final de novembro, havia registo de 1457 mortes de residentes de lares – um aumento de 597 mortes no espaço de um mês e meio.