Tinha um discurso já pronto há alguns dias, o anúncio preparado para o passado domingo (em Cascais), mas optou por fazê-lo hoje (tal como i avançou) em Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa chegou esta segunda-feira sozinho à pastelaria Versailles, espaço onde funcionou a sua sede de campanha em 2016 para confirmar a recandidatura a um novo mandato.
Num palco com a bandeira nacional, Marcelo Rebelo de Sousa, discursou dez minutos, quis falar de forma simples e direta aos portugueses, para dizer porque concorria a mais cinco anos em Belém. Portugal precisa de um “Presidente independente, que não instabilize, antes estabilize e que não divida, antes una os portugueses e puxe sempre pelo que de melhor existe em Portugal”, explicou o também chefe de Estado, garantindo que é o mesmo que se apresentou há cinco anos.
As razões para avançar são três: a pandemia da covid-19, a crise económica e social e a recuperação económica.
E Marcelo assegurou ainda avança por dever de consciência, prometendo assumir as suas responsabilidades num tempo que se prevê tudo menos fácil, “numa caminhada exigente e penosa”. Mas o recandidato argumentou que cumprirá a sua missão, se voltar a ser eleito: “Não vou fugir às minhas responsabilidades, não vou trocar o que todos sabemos irem ser a adversidades e as impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje”, declarou o Presidente da República, justificando que só decidiu esclarecer que era recandidato a mais cinco anos de mandato depois de anunciar mais um estado de emergência para o país, renovável até 7 de janeiro de 2021.
“Anuncio-vos isto só hoje porque quis promulgar as novas regras eleitorais antes de convocar a eleição. Porque quis convocar a eleição como Presidente antes de avançar como cidadão. E ainda – e sobretudo – porque perante o agravamento da pandemia no outono quis tomar decisões essenciais sobre a declaração do segundo estado de emergência, as suas renovações e a sua projeção até janeiro, em tempos tão sensíveis como o Natal e o fim do ano, como Presidente e não como candidato”.
Volvidos cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa falou ao coração dos portugueses para dizer que é o mesmo de há cinco anos, com os mesmos princípios: “Sou exatamente o mesmo que avancei há cinco anos: português, universalista, convictamente católico, com primazia à dignidade da pessoa, ecuménico e republicano, avesso a corrupções. Determinadamente social democrata e por isso defensor da democracia e da liberdade. Toda ela”. Ou seja, lembrou aos eleitores que não mudou. Mais, Marcelo recordou às “portuguesas e portugueses” que o conhecem há 20 anos, “semana após a semana” e, em particular, no mandato presidencial que termina em março.
O chefe de Estado e recandidato fez uma avaliação dos últimos meses, mas também recordou momentos como a tragédia dos incêndios de 2017 ou o “longuíssimo” processo eleitoral de 2019. Marcelo quis dizer aos portugueses que tentou fazer o melhor que sabia, designadamente, no combate à pandemia.
Na escala de valores, o recandidato ainda destacou que é a favor de toda a liberdade, “a pessoal, a política, a económica, a social, a cultural, não da chamada democracia iliberal, que não é democrática”, numa referência contra populismos.
Sobre os seus adversários (ao todo são nove), Marcelo saudou-os e prometeu, logo no início, que deve haver debates com todos os candidatos. “E assim o farei”, afirmou o recandidato presidencial.
Agora, Marcelo terá de conseguir fazer campanha longe da versão de 2015 e 2016, com iniciativas de grande proximidade devido à pandemia da covid-19.
No PSD, o primeiro partido a assumir que apoiaria Marcelo Rebelo de Sousa, já estão a ser recolhidas as 7500 assinaturas para formalizar a recandidatura de Marcelo, apesar de o processo estar a ser feito à margem das estruturas distritais. Um sinal da independência que o chefe de Estado reclama para a sua recandidatura a mais um mandato.
No final da curta sessão de apresentação de recandidatura, Marcelo saiu como entrou: sozinho e a pé, prometendo que fará, em Belém, o mesmo de que os seus antecessores recandidatos.