Investimento em imobiliário comercial caiu 14% em 2020

Apesar da pandemia, o comportamento do mercado imobiliário em Portugal não foi tão negativo como se esperava, tendo sido transacionados 2,8 mil milhões de euros em imobiliário comercial. Perspetivas da Cushman & Wakefield para 2021 são positivas, mas tudo dependerá da velocidade da vacinação e controlo da pandemia.

Apesar de a pandemia ter ‘atacado’ Portugal e mesmo com o abrandamento da atividade de investimento imobiliário comercial, o volume de fecho estimado situou-se perto dos 2,8 mil milhões de euros, tendo sido o terceiro máximo histórico para Portugal. Ainda assim, representa uma quebra de 14% face ao ano anterior.

As conclusões são da Cushman & Wakefield (C&W) que explica que estes valores estão em linha com outros mercados europeus. "Também acompanhando a tendência internacional, para este resultado contribuíram algumas operações de grande dimensão, cujo top 3 foi responsável por metade do volume total transacionado. O valor definitivo de fecho do ano encontra-se ainda por confirmar, mas acredita-se que deverá rondar os 2.800 milhões de euros", lê-se no comunicado.

A consultora avança ainda que que embora o investimento estrangeiro mantenha o domínio do mercado português – com 75% do volume transacionado – há destaque para o capital nacional “que manteve uma trajetória positiva, aumentando em 40% do volume investido”.

O estudo conclui ainda que o setor dos escritórios contou com “um comportamento díspar dos níveis de ocupação nas duas principais cidades do país”, tendo registado uma quebra homóloga de 30% na grande Lisboa e um aumento de 36% no grande Porto.

Por setores, são o retalho e a hotelaria que contam com os maiores ‘estragos’. O retalho conta com quebras na ordem dos 60% no número de abertura de novas lojas enquanto os alojamentos hoteleiros registaram uma quebra equivalente tanto nas dormidas como nos proveitos totais.

Do lado contrário, e “demonstrando maior resiliência”, o volume de ocupação de espaços no setor industrial e logística conseguiu um crescimento de 67%.

Eric Van Leuven, diretor-geral da consultora em Portugal não tem dúvidas que “2020 foi um ano desafiante para o imobiliário nacional”.

Perspetivas para 2021 Para este ano que agora inicia, o responsável diz que “as perspetivas são moderadamente otimistas, embora dependentes da eficácia da vacinação e subsequente controlo da pandemia, e distintas entre os diferentes setores imobiliários”.

No entanto, de forma geral, “durante o primeiro semestre deverá manter-se uma atitude cautelosa no mercado ocupacional, com tendência de adiamento dos processos de tomada de decisão, potencialmente seguido de um segundo semestre com um efetivo início de retoma da atividade”, diz ainda Eric Van Leuven, acrescentando que “a procura de espaços de qualidade em industrial e logística continuará dinâmica, por oposição aos setores mais afetados pelas medidas restritivas em vigor, nomeadamente retalho e hotelaria. Adicionalmente, a flexibilidade do trabalho continuará a gerar uma reavaliação da forma de ocupação de escritórios pelas empresas”.