Até este domingo foram confirmados em Portugal 34 casos de infeção por SARS-CoV-2 associados à nova variante do vírus detetada em dezembro no Reino Unido. Portugal é agora dos países europeus com mais casos detetados, numa altura em que já mais de 30 países confirmaram a nova variante. O último ponto de situação feito pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, que investiga a diversidade genética do vírus desde o início da epidemia, dá conta de que além dos 18 casos previamente detetados na Madeira, confirmados a 28 de dezembro, este domingo foram confirmados 16 novos casos, dos quais 10 amostras foram colhidas no aeroporto de Lisboa e seis amostras eram provenientes de outros locais de Portugal continental. O INSA adianta que em causa nestes casos estarão múltiplas introduções do vírus em Portugal mas a investigação epidemiológica prossegue.
"Caso se venha a verificar que algumas destas sequências estão associadas a casos para os quais foi reportada a inexistência de viagem ao estrangeiro, os mesmos poderão configurar transmissão comunitária desta variante em Portugal. Estes resultados foram reportados às entidades de Saúde Pública, por forma a que seja levada a cabo a investigação de potenciais contactos e cadeias de transmissão", indica o INSA.
Recorde-se que a variante foi sinalizada no Reino Unido, onde já se tornou dominante e tem sido associada a um aumento dos casos. O novo coronavírus foi associado a uma maior transmissibilidade, mas não há indícios de que a variante seja mais agressiva do ponto de vista da doença ou que diminua a eficácia da vacina. Por outro lado, os investigadores que estudam a variante já alertaram que parece ser mais transmissível nos jovens com menos de 20 anos. Uma situação que levou o Reino Unido a adiar a reabertura das escolas nas zonas mais afetadas.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças recomendou a todos os países que investiguem casos ligados às zonas com maior incidência desta variante, cujo o epicentro tem sido o Reino Unido, mas também situações em que haja uma falha na amplificação do gene S nos testes PCR – casos suspeitos que o INSA tem estado a analisar e que solicitou aos laboratórios que sejam reportados – e também contextos em que ocorra um aumento repentino das infeções.
Este domingo, o responsável pela equipa do INSA que estuda a diversidade genética do vírus, João Paulo Gomes, explicou que alguns dos casos agora confirmados como sendo da nova variante remontam ainda a dezembro. "Não sabemos há quanto tempo (está em Portugal), porque a maior parte dos casos que estamos a identificar agora são casos do mês de dezembro. Mas, há cerca de seis semanas, em colaboração com o Instituto Gulbenkian Ciência, fizemos uma espécie de rastreio e não encontrámos uma única amostra”, indicou à agência Lusa, admitindo que poderão já ter ocorrido cadeias de transmissão no país.