O debate presidencial entre João Ferreira e Tiago Mayan Gonçalves, transmitido pela TVI 24, iniciou-se com o tema da pandemia e os respetivos assuntos tais como a sua evolução, Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o estado de emergência.
Ambos candidatos, com os seus argumentos, chegaram ao mesmo consenso sobre a renovação do estado de emergência. João Ferreira admitiu que “o estado de emergência não contribuiu em nada para adotar as medidas imprescindíveis para reduzir os casos” e criou medidas “perversas”, que Tiago Mayan também evidenciou momentos mais tarde como a concentração de pessoas num horário mais reduzido.
Para João Ferreira, as medidas de emergência concentram-se no reforço do SNS – intervenções nos cuidados intensivos e nos rastreios e controlo das cadeias de transmissão -, proteção dos lares e ainda controlar a proteção dos transportes públicos e equipamentos públicos.
O candidato do PCP insistiu ao dizer que estas medidas são possíveis de adotar sem estar sob o estado de emergência, ao contrário das que foram tomadas pelo governo que não ajudaram a diminuir os casos. “Eu não me revejo numa dicotomia entre a saúde e a economia. Temos é de criar as condições para defender a saúde das pessoas garantindo que a vida continua nas suas variadas dimensões”, assume João Ferreira. Recorde-se que Portugal ultrapassou a barreira dos 10 mil casos diários.
“Isto é uma prova do falhanço do Governo na gestão desta pandemia”, avança de seguida Tiago Mayan Gonçalves, avisando que “as famílias não aguentam, os jovens não aguentam, os pequenos e médios empresários não aguentam. Temos de fazer o que ainda não fizemos: usar toda a capacidade instalada do país, algo que não está a ser feito por preconceito ideológico do Governo”. Ao concluir, Mayan reforça que novo confinamento levaria o país à destruição, “a pobreza também mata”.
Os dois candidatos exploraram ainda as soluções para a crise económica que está a acentuar-se devido à pandemia. João Ferreira nega a repetição de outros tipos de receitas e diz que é necessário “relançar a atividade económica e combater a crise social”, através do reforço do mercado interno, “temos de associar a isto um plano de substituição das importações por produção nacional”, afirma o candidato do PCP, acrescentando ainda que Portugal tem de “agir do lado da procura, e isso implica valorizar os rendimentos do trabalho para estimular a procura”.
Imediatamente, Tiago Mayan Gonçalves não perde a oportunidade e dispara contra João Ferreira, “Isto é uma receita para o desastre. Esse é que é o problema. O João está preso no século XIX. Quer nacionalizar tudo, é esse o objetivo perfilhado [pelo PCP]”, e para remate final, Mayan ainda acrescentou “Não estou a falar de utopia. A ideologia comunista trouxe sempre a desgraça e a destruição económica”.
Já João Ferreira contra-argumenta ao dizer que segue as leis da Constituição e admite que “Houve um desviar do espírito e da letra da Constituição. As políticas liberais ganharam uma grande preponderância e perdemos propriedade pública. E é preciso a existência de propriedade pública em setores importantes”.
Nos momentos finais do debate, os candidatos atiraram criticas aos maiores chefes de Portugal. Mayan explicou que a função do Presidente não é garantir a estabilidade do Governo, criticando desta forma António Costa. E João Ferreira aproveitou para atacar Marcelo Rebelo de Sousa que, antes de saber o conteúdo do Orçamento de Estado, “já estava a dizer quem é que o devia aprovar”. “Eu preocupo-me com o conteúdo”, afirmou.