O debate, na RTP3, entre João Ferreira e Vitorino Silva, conhecido como Tino de Rans, começou com este último a dizer que ainda não tinha recebido qualquer convite para estar presente na reunião com o Infarmed, na próxima terça-feira, para o qual António Costa convidou os candidatos presidenciais.
"A casamentos e batizados vão os convidados", disse Vitorino Silva. Sobre a situação atual da pandemia, sublinhou que ainda não é demasiado tarde para adiar as eleições e que os idosos têm de ser protegidos nesta fase.
João Ferreira também interveio sobre o ponto de situação da covid e o confinamento iminente, fazendo questão de frisar que recusa a “dicotomia entre saúde e economia". O candidato comunista afirmou que "não há confinamentos gerais”, e que “há milhares de trabalhadores que não confinaram". Defendeu, por isso, que faltam medidas de proteção no local de trabalho e nos lares. "Precisamos de canalizar os apoios para quem deles realmente necessita", sublinhou.
Seguiu-se uma discussão sobre o papel dos privados e a relação com o setor público da saúde, que já tem sido muito abordada em debates anteriores. João Ferreira começou por dizer: "Não podemos ignorar o que os grandes grupos fizeram nesta área". E esclareceu: "Sempre houve recurso aos privados, ele nunca esteve em causa". No entanto, considera que os portugueses não querem que recursos públicos sirvam para sustentar quem lucra com a doença.
“Não é aceitável que haja aqui da parte dos privados de escolha à la carte do que lhes interessa”, afirmou.
Já Vitorino Silva defendeu que o Estado deve sim recorrer aos privados para "salvar vidas", mesmo que para isso tenha de “pagar mais um bocadinho". "Uma vida não tem preço", disse, sublinhando que o “lucro é uma coisa natural” e que “não pode morrer ninguém”.
“Se é preciso mais gente, é preciso meter mais gente”, afirmou ainda, defendendo um maior investimento na saúde.
Sobre as revisões constitucionais, João Ferreira considera que o país não ganhou com as alterações e que "não há democracia sem direitos, nem direitos sem desenvolvimento". Para o candidato comunista o texto atual “conserva a ambição do Portugal que está por cumprir”.
Questionado sobre qual o seu modelo para o país, Vitorino Silva disse não ter nenhum, sublinhando que sente muito orgulho de ter nascido e vivido em Portugal.
Defendeu que o país “não se pode fechar” e que “não se pode meter os binóculos ao contrário”.
O candidato do RIR disse também não gostar de extremos, sejam de esquerda ou de direita.
Questionado se daria posse a um Governo que integrasse o Chega, Vitorino Silva respondeu com um exemplo: “Imagine eu ter carta de condução, meto gasolina, gasóleo ou eletricidade e quando vou a conduzir tenho de respeitar os sinais. O partido Chega tem o alvará, se passar os sinais, o Presidente da República é um polícia”. “Agora, se não respeitar os sinais, claro que não toma posse”, acrescentou.
Já para João Ferreira disse ser “um exercício grotesco e inaceitável colocar ao mesmo nível vítimas e carrascos”. O candidato da CDU garantiu que se fosse Presidente “tudo faria para não chegarmos à situação em que um partido dessa natureza [Chega] tivesse influência governativa”.
Para o comunista, esse tipo de partidos “instrumentaliza o descontentamento da população” e teria tido "uma iniciativa diferente” da de Marcelo Rebelo de Sousa no caso dos Açores, que “não chamou o partido mais votado a formar Governo e era o que devia ter feito”
Vitorino Silva terminou dizendo que "seria o Presidente de todos os portugueses e seria o Presidente de André Ventura".