João Ferreira conquistou terreno nas redes sociais, mas ficou taco a taco com os resultados das últimas eleições presidenciais. Edgar Silva não conseguiu chegar aos 4% – obtendo 181 458 -; agora, o candidato apoiado pelo PCP conseguiu ultrapassar essa percentagem, mas o número de votos rondou praticamente o mesmo. E se o partido, historicamente, é comunista em algumas autarquias no Alentejo, desta vez, Portalegre, Évora e Beja cederam terreno a André Ventura – uma derrota amarga para os comunistas.
Ainda assim, João Ferreira chamou a atenção para o facto de a sua candidatura ter sido um “contributo singular”, acrescentando que se apresentou com “um objetivo claro, partindo da realidade do país, das suas dificuldades e problemas”, para afirmar uma “visão distintiva” sobre o que deve ser o exercício dos poderes do Presidente da República.
“Estou profundamente convencido de que esta candidatura trouxe a estas eleições um contributo singular que irá perdurar para lá dos dias de hoje”, afirmou o comunista, detalhando que esse contributo foi o de demonstrar, no atual momento da vida nacional, a centralidade da Constituição da República Portuguesa. “A Constituição tem soluções e caminhos para resolver os problemas do país e do nosso povo. A exigência do seu cumprimento será uma questão decisiva nos próximos cinco anos”, reiterou.
E deixou uma garantia: “Amanhã, cá estaremos a lutar pelos direitos de todos, todos os dias. O nosso compromisso foi sempre, e a cada momento, o debate sereno de ideias para trilharmos um rumo de progresso, desenvolvimento e justiça social”. E foi mais longe: “Cada voto contado nesta candidatura é já um ponto de apoio nesta luta que vai continuar por uma vida melhor. Com coragem e com confiança, abriremos um horizonte de esperança na vida deste país”.
Compromisso não ficou esquecido A necessidade de “cumprir e fazer cumprir” a Constituição da República foi uma das grandes bandeiras desta candidatura que não ficaram esquecidas na noite de ontem. “Há um país que está por cumprir e que está nas páginas da Constituição”, disse, por várias vezes, nas suas ações de campanha.
E chegou a admitir que as ameaças à democracia são como “o bicho”, que “só entra na madeira podre”, e avisou que é intervindo no presente e construindo outro futuro que se “esconjuram” essas ameaças. “Sabemos que mais do que clamar, projetar, apontar estas ameaças, é intervindo no presente para resolver problemas e construir outro futuro que esconjuramos estas ameaças. Isto é como o bicho, que só entra na madeira podre”, declarou.
E por isso mesmo, no seu discurso de ontem voltou a lembrar que a “exigência” do cumprimento da Constituição vai ser “uma questão decisiva” durante os próximos cinco anos, acrescentando que vai continuar empenhado em “combater e derrotar projetos antidemocráticos”.
Já dias antes tinha referido que a sua candidatura se tinha apresentado com um objetivo claro: partindo da realidade do país, das suas dificuldades e problemas, das inquietações e preocupações de milhões de portugueses, afirmar uma visão distintiva sobre o que deve ser o exercício dos poderes do Presidente da República e como este pode e deve contribuir para uma mudança de curso na vida nacional que enfrente e supere esses problemas e essas dificuldades”, explicou.
O eurodeputado comunista defendeu que o objetivo foi alcançado, dada a demonstração da “importância do amplo acervo de direitos políticos, económicos, sociais, culturais e ambientais” que o documento confere.
A defesa do Serviço Nacional de Saúde, juntamente com as funções sociais do Estado, da cultura e da educação, mereceram também uma nota do candidato, que antevê lutas “fundamentais que fortaleçam as raízes do regime democrático na sociedade”, tarefa para a qual espera continuar a contar com o apoio de vários quadrantes que registou nesta eleição.
Também Jerónimo de Sousa, o líder do Partido Comunista, destacou “o valor e significado próprio” da candidatura de João Ferreira, sobretudo na defesa dos trabalhadores, dos serviços públicos e contra “as diversas dimensões de ataque ao regime democrático”, acrescentando que a candidatura colocou a defesa da “liberdade e democracia no centro” ao focar-se na Constituição da República como “uma referência para uma política de progresso social”.