O uso de determinadas máscaras para o combate à covid-19 é um dos assuntos que está a ser escrutinado, neste momento, em Inglaterra.
Numa entrevista para o jornal Observer, o antigo ministro da Saúde britânico, Jeremy Hunt, admitiu que o uso de máscaras FFP2 deve ser obrigatório nos transportes públicos e lojas, tal como já acontece na Áustria, Alemanha e França.
"Da última vez, esperámos muito antes de exigir as máscaras", disse Hunt, ao pensar no risco de "cometer o mesmo erro novamente", sendo que as regras do confinamento não estão a ter os resultados tão rápidos quanto se estimava.
O atual ministro da Saúde, Matt Hancock, já respondeu à estratégia de Hunt, na passada quinta-feira, e disse que analisou “a questão do equipamento de proteção individual em relação à nova variante" e o "conselho clínico" que recebeu "é que as diretrizes atuais são corretas e apropriadas".
Jeremy Hunt não é único a ponderar esta solução. O candidato derrotado por Boris Johnson para a liderança do Partido Conservador já se juntou a outros cientistas, como a professora da universiade de Oxfors, Trisha Greenhalgh, após deteção da nova variante designada por B117 no Reino Unido.
"O contexto mudou. Precisamos usar [máscaras] de nível médico", anunciou na rede social Twitter, acrescentando que a nova variante B117 é mais contagiosa, a incidência de casos antes era menor e ainda disse que havia falta de máscaras FFP2 no mercado, incluindo para os profissionais de saúde.
É de mencionar que no início de janeiro, a ordem dos médicos britânica, a British Medical Association, e a ordem dos enfermeiros, Royal College of Nursing, pediram também ao Governo inglês uma distribuição de máscaras tipo FFP a todos os profissionais que trabalham nos hospitais e não apenas para aqueles que estão na linha da frente.
Foi apenas em julho do ano passado que o Governo britânico decretou a obrigação do uso de proteção facial nos transportes públicos, muito tempo depois da maioria dos países europeus, e as lojas e outros espaços fechados, como os museus, bancos e igrejas só foram abrangidos por este decreto um mês depois.
Esta demora foi demonstrada no Parlamento, onde os deputados só começaram a usar máscaras em janeiro, sete meses mais tarde do uso obrigatório.
A diferença entre as máscaras tipo FFP2 ou FFP3 está no facto de que estas também protegem o utilizador devido à filtragem de entrada a saída de ar e ainda impedem a entrada de gotículas menores. Enquanto as máscaras cirúrgicas e de tecido só protegem as outras pessoas de grandes gotículas respiratórias lançadas pelo utilizador, quando falam, tossem ou espirram.
As máscaras do tipo FFP3 são usadas pelos profissionais de saúde nas unidades de cuidado intensivo, e mais caras.
De momento, a Organização Mundial de Saúde recomenda que as máscaras de nível médico, médicas ou cirúrgicas, devem ser usadas por profissionais de saúde, pessoas com sintomas de covid-19 e seus cuidadores, pessoas com mais de 60 anos ou quando são frequentados espaços, onde o distanciamento de, pelo menos, um metro não é possível respeitar.