Com o número de doentes a aumentar de dia para dia, estalou o verniz na coordenação entre os hospitais de Lisboa e o protesto já chegou ao Ministério da Saúde. Sete administrações de hospitais da área metropolitana assinaram um documento conjunto sobre o esforço que está a ser pedido às diferentes unidades, considerando que a distribuição de doentes não está a ser “equilibrada”. O argumento: o número de doentes internados nos hospitais mais periféricos na área metropolitana versus hospitais centrais, com menores taxas de esforço. No documento a que o i teve acesso esta terça-feira, e que sabe ter sido enviado à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo no passado domingo, com o conhecimento da ministra da Saúde e dos secretários de Estado, os responsáveis do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital Beatriz Ângelo (Loures), Hospital Garcia de Orta (Almada), Hospital José de Almeida (Cascais), Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e Hospital de Vila Franca de Xira, traçam o ponto de situação no fim da semana passada e pedem uma distribuição mais equilibrada de doentes entre centro e periferia.
O título da missiva é mesmo esse: apelo. “Existem, naturalmente, diferenças locais, as quais têm implicado que essa pressão assuma valores diferentes entre os hospitais, mas é evidente que a cintura de Lisboa é a área mais flagelada pela pandemia e pela sua expressão em procura de cuidados hospitalares”, dizem os administradores hospitalares, apresentando o cálculo das taxas de esforço por hospital que, como o i noticiou esta semana, não são dados públicos e tem estado a fazer crescer a preocupação nas estruturas hospitalares, que começaram entretanto a ver negados pedidos de desvio de doentes das urgências. “Os Centros Hospitalares de Setúbal e Barreiro/Montijo e os Hospitais Beatriz Ângelo, Garcia de Orta, José de Almeida, Prof. Doutor Fernando Fonseca e de Vila Franca de Xira apresentam taxas de esforço do seu internamento de doentes covid-19 em enfermaria, no dia 22 de janeiro, situados entre os 45% e os 71%”, escrevem os responsáveis, traçando em seguida a comparação com os centros hospitalares universitários de Lisboa Central e Lisboa Norte, com ocupações de 25% e 32,1% na mesma data, “uma taxa claramente abaixo do valor médio dos hospitais da região (44,4%)”. Exceção para o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, que apresenta uma taxa de esforço de 50,6%, apontam.