O Governo russo afirmou esta quinta-feira que não tem "intenção de levar em consideração" as declarações de outros países sobre a condenação do opositor Alexei Navalny ou sobre a forma como tem tratado os seus apoiantes. A posição do Kremlin surge na véspera da visita do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, à Rússia.
"Repito: não temos intenção de levar em consideração as declarações sobre questões relacionadas à aplicação das nossas leis àqueles que as violam, nem aquelas que se referem aos veredictos dos nossos tribunais", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Estamos disponíveis para comentar essas questões, mas não estamos disponíveis para discuti-las com ninguém".
As declarações surgem um dia após a Comissão Europeia ter condenado a pena de dois anos e oito meses de prisão aplicada ao opositor de Vladimir Putin, e de Josep Borrell ter afirmado que irá abordar a sentença, "politicamente motivada", na sua visita à Rússia a realizar esta semana.
Durante a detenção de Navalny, as forças de segurança russas detiveram mais de dez mil pessoas em manifestações a favor do opositor. Mas o Kremlin afirma que na Rússia "não há pressão". "O que há são medidas contra quem infringe as leis em atos não autorizados", disse, justificando que as autoridades procederam às detenções após terem sido violentamente atacados.
O opositor russo Alexei Navalny foi detido a 17 de janeiro, num aeroporto de Moscovo, quando chegava da Alemanha. Em causa estava a violação de uma pena suspensa a que foi sentenciado em 2014. Na terça-feira, foi condenado a uma pena de dois anos e oito meses, a cumprir num estabelecimento prisional.