A revista francesa Paris-Match incluiu na sua edição de quinta-feira um relato arrasador sobre a pandemia da covid-19 em Portugal. «Nos hospitais como nos cemitérios, seguem as procissões fúnebres. Viagem ao fim do inferno», lê-se nas ‘gordas’, passando a reportagem pelas intermináveis filas de ambulâncias à porta do Hospital Santa Maria, até às lotadas morgues e cemitérios do país. «Sem tempo para recolher, os enterros fazem-se em cadeia», escreve a revista em tom de catástrofe, referindo os jazigos feitos em contrarrelógio e os enterros sem família, acompanhando o artigo tétricas imagens de morgues a abarrotar, com corpos em frigoríficos e até caixotes do lixo, e das salas sobrelotadas do Hospital Santa Maria, onde se centra a ação da reportagem, contando com relatos de enfermeiras e médicos. A revista mostra aquilo que verdadeiramente se assemelha ao «inferno» no país.
Já na quarta-feira, a revista alemã Der Spiegel tinha dedicado um artigo igualmente catastrófico à pandemia da covid-19 em Portugal, ao mesmo tempo que anunciava a chegada da ajuda germânica ao país, na forma de 26 militares de apoio aos serviços de saúde portugueses.
A revista alemã começa por referir que, «no ano passado, se celebrava o ‘milagre português’ e agora o coronavírus atingiu o país inteiro». A revista faz até uma comparação com o trabalho do Marquês de Pombal, em 1755, após o Terramoto de Lisboa, usando e abusando da célebre frase do Marquês: «É preciso sepultar os mortos e cuidar dos vivos».