Alunos sinalizados vão poder ter aulas nas escolas

Escolas e comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ) articulados para acompanhar situações de risco.

Só cinco países europeus têm atualmente as escolas fechadas. Portugal é um deles e, depois de 15 dias de interrupção letiva, o ensino online regressa hoje. No entanto, aqueles alunos que não cumprirem as normas impostas pelas escolas – faltarem às aulas à distância ou não atenderem as chamadas dos professores – são sinalizados e chamados para ter as aulas nas escolas. Mas também aqueles que atravessem dificuldades e não têm como se conectar à distância.

“Há situações em que efetivamente é muito difícil, onde não há internet. Mesmo essas crianças que as escolas sinalizem ou que as famílias digam que não têm mesmo como se ligar à distância, as escolas receberão esses alunos e dão aulas presenciais. Organizam-se e fazem isso. Estamos a trabalhar para que nenhuma criança fique para trás”, começou por dizer ao i o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Jorge Ascenção, explicando que o papel das comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ) é fundamental em casos igualmente sérios.

“No primeiro confinamento, houve muitos relatos positivos de famílias que se esforçaram muito, até dos professores para chegarem aos alunos. Mas também há a noção agora de que pode haver muitos alunos desligados. Crianças que estejam num ambiente familiar um pouco mais frágil – e estamos a falar de milhares de intervenções que existem ao nível das CPCJ –, terão de ser e vão ser acompanhadas. O papel do professor nestes casos é importante. Se o aluno não se ligar quatro, cinco, seis dias seguidos, é um alerta. O professor alerta o diretor e o diretor avisa a CCPJ. Nós procuraremos também ajudar. E que não aconteça o que aconteceu antes, com alunos uma ou duas semanas sem qualquer tipo de contacto com as escolas”, atirou.

Para o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, a falta de um computador não é, no entanto, critério para o aluno ir para a escola.

“As situações têm de ser muito bem analisadas. Imagine-se que um aluno não tem computador mas até cumpre as tarefas que o professor lhe faculta. É um aluno que não tem de ir para a escola. Por outro lado, um aluno pode ter um computador do melhor que há e ter de ir às aulas na escola. Ou porque não aparece nas aulas online, etc., ou porque não atende o telemóvel. Nós aí vamos sinalizá-lo, também muito por causa do abandono escolar. Nesses casos, até vamos ter de chamar professores para estarem com eles nas escolas a supervisionar a aula que estão a ter no computador. Porque as situações variam”, explicou.

Momento de “consciência cíviva” Em tempos de pandemia, a entreajuda e pensar no próximo é ainda mais importante. E foi isso que Jorge Ascenção também não quis deixar passar em branco, dizendo que, mais do que nunca, é uma altura de darmos as mãos para que tudo corra da melhor forma com o ensino online. “É um momento de consciêncai cívica, de responsabilidade e ética para tentarmos minimizar ao máximo os prejuízos que estamos a ter”, rematou.

No entanto, há já a circular pela internet uma petição pelo regresso “urgente” do ensino presencial para as crianças. “É urgente que o Governo de Portugal planifique de imediato a reabertura do ensino presencial, definindo e explicitando os critérios que servirão de base para esta calendarização, em simultâneo com a elaboração de um plano de recuperação de aprendizagens”, pode ler-se na petição.