Foram quase 16 horas de debate com muitas críticas à atual direção, mas os conselheiros nacionais decidiram renovar a confiança em Francisco Rodrigues dos Santos.
A moção de confiança foi aprovada, na madrugada de domingo, com 144 votos a favor (54,4%), 113 votos contra (42,6%) e oito abstenções (3%).
O debate foi duro e mostrou um partido dividido quando as sondagens são pouco animadoras para os centristas. Algumas das principais figuras do CDS, nomeadamente os cinco deputados, defenderam a realização de um congresso antecipado. Cecília Meireles alertou mesmo que “a existência do partido está em risco”. O ex-líder parlamentar Nuno Magalhães e o antigo deputado Hélder Amaral também defenderam a realização de um congresso.
A reunião azedou logo no início com os centristas a discutirem durante várias horas se a votação da moção de confiança à direção do CDS seria feita por voto secreto. Mesquita Nunes, perante a recusa do presidente do Conselho Nacional em aceitar o parecer do Conselho de Jurisdição, abandonou os trabalhos a meio. Só voltou com a garantia de que “a legalidade, depois de tanta pressão, prevaleceu”.
“Vai correr mal” Os críticos não pouparam a atual direção. João Almeida, que se candidatou à liderança no último congresso, deixou claro que não se revê no CDS liderado por Francisco Rodrigues dos Santos. “Desde o primeiro momento que acho que vai correr mal”, afirmou.
O eurodeputado Nuno Melo também defendeu a antecipação do congresso e avisou que “este clima de guerra interna não cessará amanhã”.
O debate aqueceu em vários momentos. Ao ponto de Telmo Correia, líder parlamentar, ter apelado aos centristas para terem “a noção da imagem e do exemplo que estão a dar ao país”.
Um desastre Ribeiro e Castro considera que “o Conselho Nacional foi um desastre para a imagem pública do CDS”.
O ex-líder do partido escreveu, nas redes sociais, que “é deplorável que membros do CDS, ainda por cima com altas responsabilidades, usem o órgão mais importante entre congressos unicamente para desgastar o partido e a sua direção, causando grave dano ao CDS e ao seu prestígio”.
Rejeitando a antecipação do congresso, José Ribeiro e Castro elogiou o discurso do líder do partido e lamentou “as cenas tristes em que alguns insistem e que, com dolo, tomam conta do palco”.
No final da reunião, Francisco Rodrigues dos Santos apelou à união. “O que para mim é verdadeiramente relevante é que o CDS consiga colocar de lado as divergências internas que possam existir, remar todo para o mesmo lado, falar a uma só voz e tocar a rebate”, disse.
Já Mesquita Nunes, que se apresentou como candidato à liderança e pretendia antecipar o congresso, garantiu que respeita a decisão do Conselho Nacional de que “esta direção deve continuar com a sua estratégia”. Num vídeo publicado na sua página do facebook, Mesquita Nunes defendeu que “há espaço para o CDS” e garantiu que está disponível para aquilo que o partido precisar nas próximas eleições autárquicas. “Estarei disponível”, afirmou.