Desde o início do ano morreram 7186 pessoas com covid-19 no país, um balanço que ultrapassou este fim de semana, ao fim de um mês e cinco dias, o número de mortes registado durante os dez meses de pandemia no ano passado. No final de 2020 tinham morrido no país 6972 pessoas com diagnóstico de infeção pelo SARS-CoV-2 e este sábado, os dados conhecidos ontem, o número de mortes passou a barreira dos 14 mil. Portugal é agora o 11o país com mais mortes por milhão de habitantes associadas à pandemia. Ultrapassou na última semana a Espanha, um dos países mais afetados em 2020.
O número de óbitos diários associados à covid-19 tem estado a diminuir mas continua a ser superior ao que se verificava no final do ano passado. A 8 de janeiro registaram-se pela primeira vez mais de cem mortes em 24 horas e chegaram a ser registados dois dias com mais de 300 óbitos. Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, adiantou ao Nascer do SOL que as projeções da FCUL são de que, mantendo-se o atual confinamento e redução de contágios, no final de fevereiro o país possa voltar a registar menos de 100 óbitos diários associados à covid-19. Para o especialista, salvaram-se “milhares de vidas” com as medidas mais duras implementadas em janeiro, mas o número de mortes em Portugal supera já as previsões que tinham sido apresentadas na última reunião no Infarmed, a 12 de janeiro, que apontavam para 12 mil mortes a 9 de fevereiro, com um cenário de confinamento igual ao de março.
A maioria das vítimas mortais tem mais de 80 anos de idade, representando 66% dos óbitos, mas houve proporcionalmente mais mortes em idades mais jovens do que aconteceu em 2020.
Desde o início ano registaram-se 85 mortes entre os 30 e os 49 anos, quando em todo o passado passado tinha havido 72 óbitos nestas faixas etárias. Na faixa etária dos 50 anos morreram este ano 175 pessoas, não tendo sido superado o total de vítimas mortais nestas idades do ano passado. Aumentaram no entanto as mortes de pessoas na casa dos 60 e dos 70 anos, em particular de sexagenários. Já houve mais 12% mais óbitos na casa dos 60 anos do que no ano passado, registando-se 642 óbitos nesta faixa etária.
O número de mortes tem sido também superior na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se regista um maior excesso de mortalidade por todas as causas desde o início do ano.
Internamentos voltam a subir Depois de quatro dias com diminuições significativas no número de doentes internados com covid-19 nos hospitais públicos, este sábado voltou a ficar marcado por uma subida nos internamentos e os próximos dias permitirão perceber melhor a tendência que na última semana foi de abrandamento nos internamentos mas ainda de aumento dos doentes em cuidados intensivos.
Segundo os dados disponibilizados ontem pela Direção Geral da Saúde, no sábado à meia-noite havia 6218 doentes internados nos hospitais, mais 90 no espaço de 24 horas, o que significa que o número de admissões voltou a ser maior do que o número de saídas.
Foi no último dia de janeiro que se atingiu o máximo de doentes com covid-19 internados nos hospitais mas a redução tem sido maior na região Norte do que em Lisboa, sendo que entretanto vários doentes têm sido enviados dos hospitais da área metropolitana de Lisboa para o Norte e também para o Algarve. Todas as regiões do país à exceção da Madeira têm agora o índice de transmissibilidade abaixo de 1, mas a expectativa é perceber quanto os internamentos começam também a diminuir de forma sustentada.
Em cuidados intensivos havia este sábado 865 internados com covid-19, menos do que nos dias anteriores. Na quinta-feira chegaram a ser 904. A que se somam mais 400 doentes críticos em UCI com outras patologias, disse este fim de semana o presidente do Colégio de Medicina Intensiva da Ordem dos Médicos, José Artur Paiva, sublinhando a necessidade de maximizar ao máximo a resposta para doentes críticos.
Já Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, defendeu este sábado que deve passar a ser divulgado o número de doentes que dão entrada nos hospitais e que saem a cada dia, para haver uma maior perceção do movimento de doentes nos hospitais quando os indicadores de internamentos no total podem dar uma ideia de constância. “Em cada três pessoas internadas em Portugal, uma tem covid-19”, disse, sublinhando que no caso dos cuidados intensivos um em cada dez doentes críticos internados no país tem o diagnóstico de covid-19.