O ex-vereador da Câmara de Lisboa Manuel Salgado pediu a demissão da empresa municipal de reabilitação urbana (SRU), na sequência de ter sido constituído arguido num processo que envolve o Hospital CUF Tejo, aprovado quando era responsável pelo pelouro do Urbanismo na CML.
"Fui constituído arguido no âmbito de um processo cuja investigação incide sobre o impacto na paisagem do Hospital CUF Tejo, aprovado pelo plenário da Câmara Municipal de Lisboa, no decurso das minhas funções enquanto vereador do pelouro do Urbanismo e Reabilitação Urbana", comunicou Manuel Salgado numa carta endereçada a Fernando Medina (PS), citada pela agência Lusa.
"Por este motivo, venho pela presente [comunicação] apresentar a vossa excelência a demissão do cargo que atualmente exerço, de presidente do Conselho de Administração de Lisboa Ocidental SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana", acrescentou.
Manuel Salgado considera que "este é o procedimento correto a adotar", mas rejeita ter praticado "qualquer ato ilícito".
"Será em sede própria, no momento oportuno e pelos meios que se encontram ao meu alcance, que me irei defender, repor a verdade dos factos e reagir contra atentados à minha honra e bom nome", afirma.
O ex-vereador sublinha ainda, na mesma carta, que a decisão é tomada "com mágoa".
"Convicto como estou de que não cometi nenhuma ilegalidade, poderia deixar para outros a decisão de me afastarem. Porém, ser constituído arguido, estatuto que em teoria se destina a proteger o visado mais não é, na realidade, do que um primeiro passo para se ser julgado na praça pública", defende.
"E, neste caso, sem possibilidade de defesa, pois apesar de ser bastante simples desmontar a narrativa que consta do processo, este encontra-se em segredo de justiça, o que me impede de o fazer publicamente, sob pena de incorrer, aí sim, na prática de um crime", acrescenta.
Manuel Salgado aproveita ainda para criticar a "politização da justiça", sublinhado que os meios judiciais são "abusiva e erradamente utilizados como arma de arremesso político" e os "julgamentos na praça pública e a manipulação da informação criam um clima e uma cultura que afastam da causa pública que não esteja disponível para jogar este 'jogo'".
Entretanto, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, já aceitou o pedido de demissão de Manuel Salgado.
O autarca explica, numa declaração citada pelo Correio da Manhã, que compreende os motivos da saída do antigo vereador, mas lamenta que tal tenha acontecido devido uma "profunda degradação que o debate no espaço público atingiu".