Cerca de 64% dos pais ficarram sobrecarregados com as tarefas escolares dos filhos. Quem o diz é uma investigação da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), Universidade de Granada (Espanha) e Lille (França) e do instituto espanhol de Saúde Carlos III que analisou as rotinas de alunos dos 3 aos 16 anos e respetivas famílias durante o primeiro confinamento.
Os investigadores realizaram um inquérito online que contou com a participação de quase 3.900 agredados familiares. Em declarações à agência de notícias Efe, a investigadora da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade de Granada, María Dolores Martín-Lagos, afirmou que o estudo analisou a atenção das famílias aos filhos, o peso das tarefas escolares destes, o acesso à tecnologia e as orientações das famílias.
A mãe desempenha um papel mais importante nas tarefas escolares dos filhos, mesmo em lares onde ambos os pais estiveram em teletrabalho. A maioria considerou correto o planeamento das atividades por parte da escola, mas 64% sentiram-se sobrecarregados, sendo que 46,7% afirmaram que não tinham tempo para ajudar e 20% não tinham paciência. Há ainda algumas famílias que indicaram não ter conhecimentos suficientes para ajudar os filhos.
Nos três países, durante as aulas em casa, quase três em cada 10 pais viram os filhos calmos e organizados, uma percentagem um pouco mais elevada em Portugal (31%) e em França (28%) do que em Espanha (21%).
Os pais manifestaram "de forma generalizada, a preocupação com o excesso no uso de tecnologia", "principalmente nas casas que não tinham regras muito rígidas de horários” neste âmbito, afirmou a investigadora.
Segundo o estudo, 44% dos pais acreditam que os filhos utilizam muito o telemóvel e 76% referem também muitas horas de videojogos, o que também aumentou durante o confinamento.
A investigação revela ainda que o confinamento afetou o bem-estar emocional dos alunos. Em Portugal, 33% dos pais afirmam que viram os filhos mais tristes, uma percentagem maior do que em Espanha (20%) e em França (15%).