BCP. Lucro cai quase 40% para 183 milhões de euros em 2020

Banco registou 841 milhões em imparidades. BCP com menos 600 milhões em moratórias que ainda totalizam mais de 8,5 mil milhões.

O BCP registou lucros de 183 milhões de euros em 2020, o que representa uma diminuição de 39,4% face aos 302 milhões de 2019. No ano passado, a instituição financeira registou 841 milhões em imparidades provisões. O banco liderado por Miguel Maya explica que este resultado foi “influenciado pelo contexto de pandemia covid-19 e por provisões para riscos legais associados a créditos em francos suíços concedidos na Polónia”. 

Para o banqueiro não há dúvidas: “O ano de 2020 foi extremamente complexo, pleno de ambiguidades e incertezas”, disse em conferência de imprensa.

A margem financeira fixou-se em 1533,2 milhões de euros, “situando-se ligeiramente (cerca de 1,0%) aquém dos 1548,5 milhões de euros apurados no ano anterior”, referindo que esta evolução, resultou do “aumento registado na atividade em Portugal, pese embora o mesmo tenha sido totalmente absorvido pelo desempenho da atividade internacional, nomeadamente pelo contributo da operação em Moçambique”. 

Já as comissões líquidas “mantiveram-se num patamar semelhante ao verificado no ano anterior, tanto na atividade em Portugal, como na atividade internacional, ascendendo, em termos consolidados, a 702,7 milhões de euros em 2020”. 

Quanto aos custos operacionais, o BCP registou uma descida de 2,4% para 1.072,9 milhões de euros, “graças à evolução favorável registada quer na atividade em Portugal, suportada no controlo e na redução dos custos operacionais recorrentes, quer na atividade internacional, influenciada pela desvalorização cambial do zlóti e do metical face ao euro”, nota a instituição financeira. 

A instituição financeira conta com menos 600 milhões de euros em moratórias. No final do passado contava com 8568 milhões. Do total de moratórias, 4,48 milhões de euros dizem respeito a contratos de crédito empresarial, tendo-se registado uma descida de 306 milhões. Em relação ao crédito a particulares, o total de 4,08 milhões de euros divide-se pelos 3,36 mil milhões da moratória pública e 725 milhões da moratória da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

Menos balcões e menos trabalhadores

O BCP terminou 2020 com menos 191 trabalhadores e 27 agências na sua atividade em Portugal, depois de ter sido o único banco a aumentar o número de funcionários em 2019. No final do ano contava com 7013 trabalhadores – menos 191 face aos 7204 que tinha em 2019 – e com menos 27 agências no mercado nacional, passando o número de sucursais passou de 505 para 478.

“Os custos com o pessoal, não considerando o efeito dos itens específicos (40,9 milhões de euros em 2020 e 40,2 milhões de euros em 2019), evoluíram favoravelmente, tanto na atividade em Portugal, como na atividade internacional, evidenciando, em termos consolidados, uma quebra de 3,5%, de 628,1 milhões de euros contabilizados em 2019, para 605,8 milhões de euros reconhecidos em 2020”, disse a instituição financeira.
 
Dúvida em relação aos dividendos

A entidade liderada por Miguel Maya garantiu ainda que só vai decidir se irá  volta a pagar dividendos depois de setembro deste ano. “A nossa prioridade é a proteção do balanço do banco e continuamos a viver numa crise sanitária” cujo impacto ainda está por definir, afirmou o CEO, acrescentando que, nesse sentido, não haverá mudança na política de dividendos. “Relativamente a 2020, a nossa política é a mesma. Continuamos sem ter visibilidade sobre a profundidade e duração da crise”, garantiu.