Por António Silva Carvalho, médico reformado
Até ao início de 2020 vivia-se em Portugal um tempo de euforia. O nosso país era internacionalmente classificado como “o melhor destino turístico do mundo”, o SNS era tido por muitos como um dos melhores serviços de saúde do mundo, o país em geral era visto como um dos mais pacíficos, acolhedores e economicamente acessíveis do planeta, e de facto havia por cá inúmeros estrangeiros em todo o lado, não só a visitarem-nos, mas também, muitos deles, a adquirirem residência, incluindo algumas celebridades.
De repente, faz agora um ano, chegaram a Portugal as primeiras pessoas infectadas com o novo coronavírus e, em pouco tempo, tudo começou a mudar para pior, em ritmo acelerado, até que, no início de 2021, o nosso país passara a ser aquele que tinha mais infectados por milhão de habitantes e a mais alta taxa de mortes por Covid-19, ou seja, tornámo-nos o país que era mais perigoso alguém visitar, pois era aqui que o risco de contágio (e de eventual morte) era maior. Além disso, o nosso SNS entrou claramente em colapso, sobretudo no que se refere aos doentes não-covid. Isto, sem falar nas catastróficas consequências económicas, sociais, psico-emocionais, etc., que daí têm vindo a decorrer crescentemente, como todos nós bem sabemos.
Ora, no âmbito desta pandemia que desde há um ano vem ameaçando, condicionando e limitando a nossa vida de modo absolutamente totalitário (pois afecta toda a gente e todos os aspectos da vida das pessoas), tem havido frequentemente, por parte das nossas autoridades de saúde, rotinas “informativas”, ingerências, decisões, imposições, proibições e omissões que, a meu ver, uma entidade politicamente independente, tecnicamente competente e que visasse apenas proteger a saúde da população portuguesa, não cometeria – por serem injustificadas, ou erradas, ou desproporcionadas, ou estúpidas, ou ilógicas, ou até contraproducentes e anti-salutares.
A última de que tive conhecimento tem a ver com um medicamento que (di-lo quem sabe por experiência própria) é muito eficaz no tratamento precoce e na profilaxia da Covid-19, a sua segurança e facilidade de uso já foi testada e comprovada no tratamento de outras doenças (parasitárias) ao longo de várias décadas em todo o mundo, e além disso é barato. O seu nome não comercial é Ivermectina.
Alguns médicos portugueses, bem identificados (entre os quais um conhecido ex-bastonário ainda no activo que afirmou tomar, ele próprio, este medicamento a título preventivo, e um outro especialista que foi, durante anos, o responsável máximo pelo Hospital de São João no Porto), acusaram publicamente o Infarmed e a DGS de “omissão por negligência”, já que, tendo estas entidades sido devidamente informadas há vários meses quanto aos efeitos da ivermectina sobre o novo coronavírus em humanos [informação essa que presumivelmente incluiu o envio de bibliografia científica suficientemente justificativa e comprovativa da pertinência e do bom-fundamento do que era pretendido], apesar disso, e até ao dia em que escrevo, ainda não se terão dignado, que eu saiba, caucionar ou recomendar oficialmente o emprego de Ivermectina nas situações, sintomáticas ou de risco potencial, para as quais a mesma é indicada – com isso contribuindo para a enorme pressão desnecessariamente exercida sobre os hospitais e, logicamente, também para o aumento desnecessário de mortes por Covid.
Tudo isto – e muito mais – pode ser visto e confirmado por qualquer pessoa, pois faz parte de um vídeo que circula na rede YouTube com o título VENCER A COVID-19 / A ESPERANÇA E A EXPERIÊNCIA DE MÉDICOS PORTUGUESES – e consiste numa sessão de esclarecimento que dura cerca de 90 minutos, coordenada pelo jornalista Carlos Enes, que reúne os testemunhos de seis médicos (5 deles clínicos) e um farmacêutico, ao longo da qual são relatados os excelentes resultados terapêuticos assim obtidos em centenas de doentes portugueses.
Repare-se que, em Israel – um país que, sob vários aspectos, tem liderado no mundo e sido exemplar na luta contra a pandemia –, foi recentemente noticiado que, num dos seus hospitais, determinado medicamento, que antes era usado em regra para tratar outras patologias, havia sido experimentado num grupo de 30 doentes que estavam em fase avançada de Covid-19, com resultados terapêuticos excelentes e rápidos em todos eles. Ora, ao contrário do que se passa entre nós com a Ivermectina (e num “universo experimental” muito mais numeroso do que os 30 doentes aqui referidos), o caso do sucesso israelita foi dado a conhecer a todo o mundo de imediato, inclusivamente pelas televisões portuguesas, e o próprio PM Netanyhau logo se apressou a chamar os médicos que haviam feito a descoberta, para os felicitar. Aliás, o mais provável é que, muito em breve, nós possamos, também em Portugal, beneficiar deste avanço científico israelita, importando o referido medicamento – cujo preço dizem ser, também, bastante baixo.
Quero, portanto, com este texto, chamar a atenção dos nossos media e do povo português em geral, para o chocante e incompreensível contraste entre o modo como têm actuado as autoridades de saúde portuguesas e o modo como actuaram as autoridades congéneres de Israel, quando o que está em jogo, em ambos os casos, é exactamente o mesmo: a urgente necessidade de combater a Covid (se possível em casa dos próprios pacientes e das pessoas em risco), salvar vidas humanas, e não sobrecarregar desnecessariamente a rede hospitalar, pelo emprego de um medicamento que, até há pouco tempo, só tinha sido usado para tratar outros tipos de patologias.
Este é, creio eu, o comportamento que se espera das autoridades de saúde nacionais enquanto reguladoras do mercado farmacêutico: devem actuar de modo a que um determinado benefício – no caso, a descoberta de que uma dada medicação é, pelo menos empiricamente, capaz de preservar, curar ou melhorar bastante o estado de saúde de quem se encontra em risco de contrair uma doença potencialmente fatal, ou que já está por ela afectado – possa ser partilhado sem delongas (ainda que as delongas sejam a pretexto das “melhores intenções científicas”) por qualquer pessoa que a queira tomar e esteja nas ditas circunstâncias.
Para concluir por agora, diga-se ainda que é muito estranho, num país que está na indesejável situação em que o nosso se encontra – onde milhões de pessoas, por razões muitas vezes incompreensíveis e ilógicas, estão sequestradas ou impedidas de exercer a sua profissão e de desfrutar a vida, porque uma “autoridade de saúde” decidiu impor esta ou aquela medida legal –, e apesar de todos os dias, durante horas e horas, o tema do qual toda a gente mais se ocupa ser a pandemia, é (repito) estranho e suspeito, ou então demencial, que, até hoje, eu não tenha conseguido encontrar um só órgão informativo onde a população pudesse minimamente informar-se, quer sobre a existência de um medicamento com as características e potencialidades da Ivermectina, quer sobre o injustificado silêncio das autoridades de saúde, depois de informadas da descoberta de um medicamento que parece ter potencial para melhorar muito, e porventura até normalizar, a situação sanitária e a vida social e profissional dos cidadãos deste país.
A menos, é claro, que entretanto os portugueses se tenham transformado maioritariamente num povo masoquista, resignado e profundamente desvitalizado, onde as pessoas já só se limitam a obedecer cegamente a ordens “vindas de cima” e preferem andar de cara tapada e longe umas das outras, acham normal estarem obrigatoriamente fechadas em casa, e apenas aspiram a receber uma prometida vacina, sem sequer terem a menor garantia de que essa vacina lhes vai permitir que retomem a vida normal que antes tinham – pois ainda ninguém sabe como as coisas se passarão doravante.
Ao passo que, se houver acesso fácil a um medicamento como parece ser a Ivermectina, ou outro similar, talvez possamos todos passar a encarar a Covid-19, e a tratá-la, simplesmente como mais uma infecção epidémica a vírus que ataca sobretudo o aparelho respiratório e principalmente no tempo frio, como tantas outras que há muito existem (e, ainda por cima, passível de ser facilmente prevenida), mas que não tem forçosamente de ser uma doença grave, nem de desorganizar até ao caos os nossos hospitais e toda a nossa maneira de viver, como tem vindo a acontecer até agora.
P.S.- Mal terminei a escrita do presente texto (dia 28/2), dei-me conta de que pelo menos dois órgãos de informação nacionais haviam finalmente decidido abordar este mesmo tema. Fiquei satisfeito, por ter acabado o silêncio a que atrás me referi. E desejo, sobre isto, deixar apenas o seguinte comentário: o processo de vacinação contra a covid-19 que actualmente está em curso em todo o mundo, muito em especial nos países ricos, representa, para reduzido número de empresas, um negócio cuja dimensão, muito provavelmente, nunca antes terá atingido verbas semelhantes.
Nestas circunstâncias, seria demasiado ingénuo pensar que não iriam imediatamente aparecer mil e uma maneiras, mais ou menos inteligentes e subtis, de tentar descredibilizar, e anular de antemão a utilidade ou interesse de qualquer tipo de produto que eventualmente surgisse e pudesse porventura pôr em xeque o valor, astronómico e “insubstituível”, das ditas vacinas – “que tanta esperança vieram trazer a toda a humanidade”. Já sem falar nos inúmeros “cientistas” que, obviamente, já começaram a pôr-se em bicos dos pés, para que a sua deusa não corra o risco de ser maculada por “gente irresponsável”. Não digo, é claro, que as coisas venham a passar-se assim, mas estes são os tipos de atitudes e reacções que, de longe, antevejo como mais provável virem a acontecer, tendo em conta o contexto inédito e a natureza humana.