Autárquicas: Partidos aceleram em março

Rio já tem trunfo para Lisboa, Carlos Moedas, e está em marcha preparação de uma frente de centro-direita. No PS, avança-se mais no final do mês.

A sete meses das eleições autárquicas, os partidos afinam a estratégia e março servirá para carregar no acelerador para fechar nomes e apresentar a maioria dos candidatos. Na lista dos 308 municípios, já se sabe, há trinta e sete autarcas que não se recandidatam por terem atingido o limite de três mandatos consecutivos. O que obriga a fazer contas, testar nomes e definir perfis para autarquias que vão mudar de mãos no final deste ano. São 20 do PS, 13 do PSD, três da CDU e uma do CDS (ver mapa).

Nos dois maiores partidos, o trabalho faz-se a ritmos diferentes, mas não será de estranhar, porque o PS detém 159 autarquias. E o processo só deve avançar mais no final do mês de março. Já o PSD está a trabalhar para fechar nomes há semanas e nos últimos dias os contactos aceleraram, com Rui Rio a fazer alguns convites diretamente. Na próxima semana, serão aprovados cerca de 100 nomes para as autarquias na reunião da Comissão Política Nacional do partido.

Lisboa é um grande trunfo, com Carlos Moedas a concorrer contra Fernando Medina (PS) na capital. O anúncio foi feito na passada quinta-feira, após uma fuga de informação (avançada pelo Nascer do SOL online). Que alterou os planos do presidente do partido, Rui Rio. O líder do PSD preparava o anúncio do nome de Carlos Moedas, como candidato autárquico só na próxima segunda-feira. E tinha previsto uma versão com pompa e circunstância. O próprio candidato mal teve tempo para avisar algumas pessoas que lhe faltavam na lista para oficializar o anúncio. Agora, seguem-se reuniões com o  CDS ( ontem) e com a Iniciativa Liberal (na próxima segunda ou terça-feira). Haverá coligação com o CDS em Lisboa e o líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos, disse mesmo que o nome reuniu «sólido consenso» entre as duas direções. Mais, ontem recebeu Moedas na sede do CDS.

E esta semana deverá ser assinado o acordo-quadro com o PSD para formalizar coligações no resto do país. O Porto fica de fora, com um apoio local do CDS a Rui Moreira, mais que certo recandidato autárquico. Só falta o anúncio. O que leva PS e PSD a tentarem avaliar candidaturas próprias com nomes para preparar terreno para 2025.  Rio só deixou escapar um dos nomes avaliados: Vladmiro Feliz, o seu antigo vice, numa recente entrevista ao Observador.Mas não é líquido que o seja e pode haver sempre um efeito surpresa, como aconteceu em Lisboa, onde muitos já apostavam no nome do deputado Ricardo Baptista Leite, Moedas mudou os planos ao decidir que afinal pretendia entrar na corrida e no PSD o processo eleitoral ganhou outro fôlego, com rasgados elogios num registo raro de unanimidade dentro do partido.

Neste xadrez de nomes, Rui Rio vai-se aconselhando com a equipa da comissão autárquica nacional, mas também com figuras como o antigo líder do partido Luís Filipe Menezes. Que está fora de qualquer corrida eleitoral, apesar de o seu nome ter sido ventilado para os concelhos do Porto e de Vila Nova de Gaia. Fora de causa, segundo o próprio.

E se no PSD o processo do Porto ainda não está fechado, do lado do PS o dossiê também não está em fase mais avançada. Os nomes que estão a ser ponderados são o de Manuel Pizarro, eurodeputado, José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto, e o do líder da concelhia, Tiago Barbosa Ribeiro.

Mais a Sul, os socialistas também avaliam o nome de António Mendonça Mendes para Setúbal, após a saída de Maria das Dores Meira, por limite de mandatos. A ainda autarca apoiada pela CDU pode vir a ser o trunfo dos comunistas em Almada, numa tentativa de recuperar o concelho ao PS.

Já o BE avançou hoje com uma conferência autárquica online para definir estratégias. E já há uma certeza: não haverá coligações pré-eleitorais com a direita e o PS. Ponto final.

O PSD, por seu turno,  aposta em capitais de distrito onde há mudanças, em virtude da limitação de mandatos. A norte, por exemplo, em Viana do Castelo, o nome que está em cima da mesa é o de Eduardo Teixeira, contra Luís Nobre, do PS, após a saída de José Maria da Costa, por limite de mandatos, considerado já um ‘dinossauro’ autárquico pela sua longevidade no cargo. Já em Vila Nova de Gaia  não haverá mudanças, com Eduardo Vítor Rodrigues a recandidatar-se pelos socialistas e o PSD a apostar em Cancela Moura – esta era ontem a última versão em cima da mesa.

O PCP tentará recuperar parte das autarquias perdidas em 2017, enquanto o Chega só apresentará nomes a partir de 6 de março, após a reeleição de André Ventura como presidente do partido.

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