Dolores Aveiro recordou, esta quarta-feira, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu há exatamente um ano. A mãe de Cristiano Ronaldo utilizou as redes sociais para falar abertamente sobre o sucedido, num relato emocionante.
"Faz hoje um ano que vi a minha vida quase a fugir-me entre os dedos e afortunadamente eu consegui agarrar-me a uma luz, luz essa que me puxava para cima, uma luz que teimosamente insistia que aquele era só mais um obstáculo a ser ultrapassado e mais uma história de superação para contar da minha vida”, começou por escrever Dolores Aveiro, de 66 anos, na legenda de uma imagem partilhada no Instagram, que foi captada apenas 12 dias após o incidente.
“Nunca fui de me vitimar, falo nas minhas histórias de superação com orgulho e não para que sintam pena de mim (…) Fiquei na cama de um hospital ligada a dezenas de fios e entubada, as horas seguintes ao AVC foram de tortura para os meus, eles não sabiam como eu iria acordar, eles não sabiam como seriam os danos, eles estavam com medo de me perder para uma cama de hospital. Inválida, sem os reconhecer e com muitas limitações (típico do que me aconteceu) nunca foi contado em público a gravidade da minha situação naquele momento”, revela.
A mãe de CR7 recorda que os filhos tiveram de ver o ar preocupado “da equipa médica”, que ficaram “sem chão muitas horas e dias”, mas que, ainda assim, tiveram fé de que a progenitora “ia acordar sem sequelas no cérebro e no corpo”.
“Acordei algumas horas depois, sem saber o que me aconteceu muito bem. Olhei em frente e vi meus filhos em volta da minha cama, eu rodeada de máquinas e sem conseguir mexer-me. Só me lembro de ver as lágrimas do meu neto (aqueles olhinhos vivos me olhavam com tanto amor) e aí eu gritei, gritei de confusão na minha cabeça, gritei, chorei muito (foi forte a emoção naquele momento, não teve ninguém naquele lugar que não se emocionou) naquele momento pensei que estava quase no fim, horas antes eu tinha ido para a minha cama, dois dos meus filhos moram fora da minha terra, dois deles perto de mim e quando abri os olhos eles os 4 estavam diante de mim, aos meus pés”, lembra, referindo que achou que se tratava de uma “despedida”.
“Percebi que afinal tinha acabado de sobreviver a algo muito forte e por eles teria que ser forte e voltar a ser quem eu era. Tudo o que me importava naquele momento era ser forte, era superar a luta que a partir daquele momento eu teria que enfrentar”, lê-se.
Dolores destaca que Cristianinho, filho mais velho de Cristiano Ronaldo, foi uma das pessoas que mais força lhe deu.
“Foi por eles que eu me reergui, foi pelos meus netos que me fortaleci foi por aquele neto (Cristianinho) que pediu ao pai dele para me ver no hospital mesmo no estado em que eu estava, ele sabia que o abraço dele era uma das coisas que eu mais precisava para sair dali vencedora, e fui, iniciei um caminho de luta, lágrimas dúvidas, dias e dias lentos”, escreveu, lembrando depois o período de recuperação, que decorreu em plena pandemia.
“Consegui voltar a subir e descer escadas, consegui fazer a minha higiene sozinha, consegui voltar a conduzir, consegui voltar a falar sem embrulhar a língua, consegui movimentar o meu lado esquerdo que tinha ficado parado, consegui passadas três semanas de luta ir para a minha casa e ver todos os meus filhos e netos de braços abertos à minha espera (eu renasci naquele dia), consegui fazer tudo o que a (mãe) faz pelos filhos e voltei a ser eu… aquela que eles tanto queriam”, confessa.
“Não foi de um dia para o outro, ainda estou na recuperação, mas graças a Deus tudo está no bom caminho.
Foi duro, ainda é, tem dias que vem à cabeça aquele dia 3 de março, tem dias que eu penso no quão pequenos somos diante dos desígnios de Deus, mas Deus sabe de tudo e sabe das nossas forças e por isso estou aqui para voltar e agradecer a quem confiou em mim em quem me deu forças e me permitiu lutar por mim e por eles”, termina Dolores, agradecendo aos médicos que a acompanharam, aos amigos e aos seguidores.