A pouco mais de quatro meses do congresso do PS, o ministro das Infraestruturas e membro da direção nacional socialista, Pedro Nuno Santos, deixou este fim de semana alguns avisos à navegação. Num debate promovido pela Juventude Socialista (JS), em versão digital, o governante lembrou aos socialistas que não podem comportar-se como se tivessem uma maioria absoluta. Mais, é preciso não ser agressivo com o PCP e o BE e permitir “encurtar o caminho” para manter dois blocos políticos distintos no espetro político português.
“Nós não nos podemos comportar nem lidar com a governação como se nós tivéssemos maioria absoluta, quando nós não temos. Nós devemos procurá-la ativamente com outros partidos que têm visões semelhantes com as nossas. Esse esforço deve ser feito com o BE e com o PCP”, defendeu Pedro Nuno Santos, um dos principais rostos dos acordos à esquerda em 2015 que permitiu ao PS governar mesmo não tendo sido o partido mais votado nas eleições legislativas desse ano.
De realçar que em maio de 2018, no último congresso do PS, Pedro Nuno Santos não escondeu a ambição de um dia chegar a líder do partido. O discurso obrigou, aliás, António Costa a avisar que ainda não tinha colocado os papéis para a reforma.
Neste fim de semana, Pedro Nuno Santos voltou a apontar o caminho que, em seu entender, o PS deve seguir: “Se nós quisermos combater a direita de forma perene, temos de ser capazes de colaborar à esquerda, compreender, aceitar as diferenças e procurar encurtar caminho”. “Não é com agressividade que nós vamos conseguir recuperar a colaboração com os outros partidos”, concluiu Pedro Nuno Santos.
Entretanto, o PS já agendou a comissão nacional, órgão máximo entre congressos, para marcar o próximo conclave para os dias 10 e 11 de julho, após sucessivos adiamentos devido à pandemia da covid-19.