Despesas «inúteis» que mostram uma «visão provinciana» do exercício da presidência da União Europeia. É assim que João Paulo Batalha, que liderou a associação cívica Transparência e Integridade, classifica os gastos do Governo em vinhos, fatos ou brindes para eventos presenciais que dificilmente se vão realizar durante a presidência portuguesa devido às restrições impostas pela pandemia.
«Nestas circunstância é ridículo e um desperdício de dinheiro. É ridículo do ponto de vista da imagem que o país está a dar para o exterior». diz ao Nascer do SOL João Paulo Batalha. O antigo presidente da associação Transparência e Integridade lamenta que tenham sido feitos «contratos inúteis» que «beneficiam empresas acabadas de nascer com ajustes diretos».
O jornal europeu Politico revelou que Portugal assinou contratos no valor de centenas de milhares de euros para a aquisição de equipamentos, bebidas e até roupas para eventos que dificilmente serão presenciais. Um dos exemplos dados é a criação de um centro de imprensa, que custou 260 mil euros, embora as conferências de imprensa sejam feitas online. A publicação relata também gastos de quase 40 mil euros para a compra de 360 camisas e 180 fatos e mais de 35 mil euros destinados a bebidas.
O PSD considera que esta situação é «completamente inconcebível» e enviou uma pergunta ao Governo a pedir explicações sobre os ajustes diretos a empresas recém-criadas. «O Governo procurou alternativas? Quais foram as razões dessas escolhas?», questionam os deputados sociais-democratas.
O CDS também criticou os «milhares gastos em brindes como gravatas, lenços de seda ou chocolates» numa altura em que os portugueses «vivem com sacrifícios». Os centristas querem que o Governo esclareça quantos contratos foram celebrados por ajuste direto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, através de um artigo no Diário de Notícias, explica, por exemplo, que «os motoristas que asseguram o transporte das delegações não podem vestir a seu gosto e têm de usar uniformes». Augusto Santos Silva escreve ainda: «A nossa presidência, como todas as outras, recorre a ofertas institucionais» – como gravatas ou lenços – e «aproveita para divulgar bens agroalimentares portugueses», como vinho, azeite e sal.