A conversa não acabou bem. O líder do PSD, Rui Rio, fechou a porta ao cenário de Pedro Santana Lopes poder vir a ser candidato independente com o apoio do PSD na Figueira da Foz e o antigo líder do partido e do Aliança decidiu publicar na rede social Facebook a sua versão do caso, porque a história não estava toda contada, após o Observador ter avançado que Santana tinha levado uma recusa de Rio.
«Devo esclarecer que também tive de dizer não a outras hipóteses que me foram colocadas (ainda ontem). E eram para bem mais próximo de Lisboa. Só que a Figueira está primeiro. E mesmo que assim não fosse, outras razões existem, num desses concelhos, que me levariam a dizer que não. A minha história com a Figueira tem vinte anos. Em Autárquicas anteriores ou eu não podia ou foram candidatos pessoas de quem fui e sou amigo e que considero: António Duarte Silva, Miguel Almeida e, também, Carlos Tenreiro, em 2017. Desta vez, tinha disponibilidade mas não por precisar. Não preciso e gosto muito do meu trabalho. Mas senti e sinto esse dever», escreveu Santana Lopes na referida rede social.
Ora, na conversa com Rui Rio, apurou o Nascer do SOL, o líder do PSD terá justificado a recusa em apoiar Santana Lopes para a Figueira da Foz, porque as estruturas locais, distrital de Coimbra e concelhia da Figueira da Foz, pretendiam Pedro Machado (e não Santana) como candidato.
Ora o líder social-democrata ainda propôs que Santana Lopes fosse candidato em Sintra. O também antigo primeiro-ministro declinou. E existiam motivos. Santana Lopes sempre disse a Rio e à sua direção que se equacionasse uma candidatura autárquica teria de ser como independente, com o apoio incondicional do partido Aliança (que fundou, mas do qual já se desfiliou) e que se existissem guerras locais no concelho sobre nomes estaria fora da contenda. Em Sintra, o nome melhor colocado é o de Marco Almeida, mas a concelhia optou pelo professor António Pinto Pereira. E Santana não quereria entrar numa guerra interna partidária. Mais, já foi autarca na Figueira da Foz e é o concelho que mais lhe diz.
Na Figueira da Foz, a concelhia fez saber logo em fevereiro que não desejava Santana Lopes, mas 149 militantes do PSD da Figueira da Foz (uma parte representativa de militantes ativos) discorda. E quer mesmo Santana como candidato. Na carta, enviada a Rui Rio na quinta-feira passada, e a que o Nascer do SOL teve acesso, pode ler-se que Santana Lopes «tem um efeito suprapartidário e facilmente arrasta a candidatura para uma vitória folgada». Para estes militantes, Santana Lopes «é a pessoa certa para o município».
Os subscritores consideram que não foram cumpridas todas as regras regulamentares na escolha de Pedro Machado. A convocatória da reunião da concelhia, marcada para o passado dia 5 de fevereiro, publicada no Povo Livre, nada dizia sobre o facto de ser online e as pessoas depararam-se com um aviso na porta de que o encontro não era presencial. Resultado? «Apenas foi votado o perfil do candidato e nada mais, online, com a presença de oito militantes dos órgãos locais e dois elementos da JSD». Em suma, houve «várias barreiras à normal participação» de militantes, ainda que os subscritores da carta não questionem as regras sanitárias. Mas impunha-se que todos soubessem antecipadamente qual era a forma de participação.
Na mesma carta, Rio é alertado para as «consequências desastrosas» de se ter duas candidaturas, a de Pedro Machado e de Santana Lopes. Mais, os 149 militantes, que subscreveram a carta em velocidade relâmpago, acreditam que Santana «é o tónico» de que o concelho precisa e temem o êxodo de votos e apoios para Santana Lopes contra Pedro Machado, caso Rui Rio não interfira. Mas Rio não interferiu. Santana já disse que não precisa de ir às urnas novamente, mas está em reflexão. Resistirá a regressar ao combate político na Figueira da Foz?
Sexta-feira, Rio anunciou 51 novos nomes para as autárquicas e confirmou Pedro Machado como candidato na Figueira da Foz, tal como José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, como candidato independente por Coimbra. Na lista estão ainda confirmados os nomes de Fremelinda Carvalho, por Portalegre, e o o reputado médico José Roquette por Estremoz.