A guerra de audiências entre SIC e TVI sempre existiu mas acentuou-se com a saída abrupta de Cristina Ferreira do canal de Paço de Arcos e o regresso à estação de Queluz. Por enquanto, a SIC tem conseguido levar a melhor na maioria das vezes, mas os mais recentes dados no que diz respeito a uma preferência mais notória dos portugueses apontam para uma vitória da TVI, conseguida esta terça-feira.
Em comunicado, a TVI revelou ter sido a estação mais vista pelos portugueses nesse dia, tendo alcançado 24,1% de share no all day. «Desde 2018 que a diferença entre a TVI e seu principal concorrente [SIC] não era tão acentuada. Uma diferença de 5 pontos», anunciou a estação.
Para este aumento, diz a TVI, contribuíram programas como o jogo da Liga dos Campeões entre o FC do Porto e a Juventus, que contou com uma audiência média de 2 milhões e 334 mil espetadores. Audiências que trouxeram um sabor a vitória: «Este jogo liderou o ranking dos programas do dia e é o segundo programa mais visto do ano», lê-se na nota.
O extra do Big Brother Duplo Impacto também liderou no seu horário, com uma audiência média de 343 mil espetadores.
Mas logo depois do resultado histórico da TVI, a SIC voltou à liderança, tendo conseguido, no dia de quarta-feira, um total de 20% de share, seguindo-se da TVI com 17,2% e da RTP1 com 11,7%.
Na noite de estreia, no domingo passado, o programa All Together Now, anunciado com pompa e circunstância pela estação de Queluz só captou a atenção do público depois do final da telenovela Terra Brava transmitida pela SIC, e a estação de Paço de Arcos tem um concorrente para fazer frente ao programa apresentado por Cristina Ferreira: estreia neste domingo o formato português de Hell’s Kitchen, conduzido pelo chef Ljubomir Stanisic. Se será suficiente para superar o canal concorrente não se sabe, mas a verdade é que o formato original, que conta com o conhecido chef Gordon Ramsay, tem fortes audiências. Metas que não preocupam o chefe Ljubomir: «Não percebo nada de audiências e nem quero entrar nesse mundo. Não é o meu trabalho. O meu trabalho é fazer muito bem feito aquilo que me é pedido», garantiu aquando da apresentação do programa.
Hoje, a SIC conta ainda com mais um trunfo anunciado por Daniel Oliveira: depois da estreia do programa de Ljubomir, a estação vai passar a entrevista de Meghan Markle e Harry à apresentadora Oprah.
Cristina Ferreira não está em risco
Mesmo com o regresso de Cristina Ferreira à casa-mãe, a estação ainda não conseguiu liderar o global das audiências, que tem pertencido sempre à SIC. E não tardaram a surgir rumores de que o futuro da apresentadora da Malveira estaria em risco. É «falso e sem qualquer fundamento» que Cristina Ferreira tenha o seu lugar em perigo, apressou-se a desmentir a TVI, reforçando que «o lugar de Cristina Ferreira não está nem nunca esteve em causa». «Relembramos que, além de diretora, Cristina Ferreira é também acionista e um dos motores da nova estratégia que a TVI está a desenvolver nesta nova fase. E os resultados são visíveis e falam por si. Todos os formatos lançados pela TVI nos últimos tempos têm-se mostrados consistentes e líderes; a recuperação em relação ao nosso principal concorrente tem sido extraordinária e continuamos neste caminho de construção, tanto a nível de rentabilidade como liderança», acrescenta a estação.
Fevereiro dá vitória à SIC, mas TVI é quem cresce mais
No global do mês de fevereiro, a estação de Pinto Balsemão foi quem conseguiu a preferência dos portugueses. No entanto, a TVI foi a que obteve o maior crescimento. «Os resultados das audiências da TVI relativas ao mês de fevereiro demonstram que a estação está cada vez mais perto da liderança e que foi o canal que mais cresceu neste mês», revelou a estação em comunicado. A estação avança ainda que, de acordo com os dados da CAEM/GfK, a TVI conseguiu alcançar, nesse mês, 17.5% de share no all day, «o que representa o melhor resultado do canal desde março de 2019».
No entanto, a SIC continuou a ser o canal mais visto e, com 19,2% de share – uma subida de 0,2 pontos percentuais face a janeiro – alcançou a liderança pelo 25.º mês consecutivo.
Apesar de ainda não ter recuperado a liderança, desde o regresso da apresentadora que o canal tem crescido e chegado a níveis de audiências muito próximos do principal canal concorrente. E ambos têm dado cartas na aposta de novos programas para conseguirem captar a atenção do público.
Mas poderá a apresentadora voltar ao número 1? Esta tema já tinha sido abordado pelo especialista em marcas Carlos Coelho: «A Cristina subiu enquanto marca dela e enquanto audiências na SIC com um projeto de transformação, e o projeto que fez de transformação na TVI, que se saiba, ainda não é muito visível. Ou não é tão diferenciador», começou por dizer em outubro do ano passado, acrescentando que «diferenciador foi a passagem para a SIC».
No entanto, Carlos Coelho não tem dúvidas de que a apresentadora é «incontestavelmente uma profissional de televisão que se destaca na área dela».
Só que, para quem já atingiu o topo, é mais difícil «superar-se àquilo que já se superou». «Foi um exemplo de superação quando foi para a SIC. Agora teria de ser um exemplo de superação mudando de canal», diz o especialista em marcas.
Carlos Coelho disse ainda que a perda de audiências é normal, uma vez que a apresentadora «teve um desafio de reinvenção duas vezes num espaço de tempo curto e com um voltar à casa-mãe. Seria absolutamente notável que esse percurso fosse feito sem nenhuma inflexão, não é?». Nesse sentido, «é normal isso acontecer».