“Quer no que diz respeito às escolhas quer aos projetos, é importante que quem quer que seja escolhido perceba e proponha a esta empresa um projeto de mudança real baseado nos trabalhadores da empresa e não nos interesses do mercado e de quem ganha com os milhões da grelha da RTP”. Este é o principal pedido feito pelos sindicatos da estação pública, e a que o i teve acesso. Em causa está a escolha do novo Conselho de Administração da RTP, um processo que está em curso e cujo resultado deverá estar para breve.
As organizações sindicais que assinam o documento – Sindicato das Comunicações de Portugal (SICOMP), Sindicato Nacional Dos Trabalhadores Das Telecomunicações E Audiovisuais (SINTTAV), Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações (SITIC), Sindicato dos Jornalistas (SJ), Sindicato dos Meios Audiovisuais (SMAV) e Federação dos Engenheiros (FE) – garantem que, neste momento, não vão fazer observações quanto às escolhas do Conselho Geral Independente (CGI) para a administração da RTP “e muito menos quanto às capacidades profissionais das duplas concorrentes, até porque, no que diz respeito à gestão de recursos humanos, o nome sobre o qual a tutela das Finanças dá parecer vinculativo merece uma discussão mais profunda do que aquela a que temos assistido, dando como adquirido o que nunca deveria ser”.
Isto porque, nesta fase, serão apenas escolhidos dois membros. O terceiro – com o pelouro financeiro – tem parecer vinculativo do Ministério das Finanças.
No documento, intitulado “Escolhas para a RTP devem ter em atenção os trabalhadores”, as estruturas sindicais reiteram que “projetos baseados em meras opções de programação televisiva são cosmética” e, por isso, “ou a empresa muda, e muda agora, tendo como base um projeto apoiado nos recursos humanos ou este modelo terá provado, definitivamente, que para nada serve à RTP”.
Os sindicatos defendem ainda que “a prioridade são os trabalhadores, não os candidatos e nem quem se aproveite pessoal e politicamente de uma empresa que é de todos os portugueses para um qualquer projeto de poder pessoal e corporativo”.
A mesma nota relembra ainda que a estação pública “atravessa uma grande crise interna de gestão de recursos humanos”. “O diálogo social esbarra constantemente em adiamentos de decisões fulcrais por questões externas e internas à empresa, algumas das quais totalmente dependentes da tutela política e financeira da RTP. O acumular destes problemas e a ausência da tomada de decisões levam a conflitos internos com tendência para se agravarem nos tempos mais próximos caso nada seja feito para inverter o rumo que a empresa parece levar”, acusam.
Recorde-se que, segundo fontes ligadas ao processo, o novo Conselho de Administração da RTP deverá ser conhecido no final deste mês. No entanto, alguns dos candidatos ouvidos pelo i, como Sérgio Figueiredo, ex-diretor de informação da TVI, ou Carlos Veloso, antigo administrador da RTP, garantiram ainda não ter sido chamados.
O Conselho de Administração liderado por Gonçalo Reis terminou o mandato em dezembro do ano passado. O CGI, presidido por José Vieira de Andrade, recorreu à Boyden para ajudar na escolha da nova equipa. O i contactou o CGI para tentar perceber prazos e critérios, mas aquele órgão diz que nesta fase "nada tem a acrescentar sobre o processo de escolha do novo Conselho de Administração da RTP", além do que está detalhado no site.