O Ministério Público abriu um inquérito à divulgação e gravação não autorizada de uma conversa privada entre o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e o acionista da Groundforce Alfredo Casimiro, avança o Jornal Económico, que cita fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo a mesma fonte, Pedro Nuno Santos apresentou uma queixa na PGR contra Alfredo Casimiro e esta “foi remetida ao DIAP de Lisboa, onde deu origem a um inquérito que se encontra em investigação”.
Em causa está uma gravação, do dia 2 de março, a que o Jornal Económico teve acesso, com dois minutos e meio. A conversa foca-se na situação da empresa de handling.
Na conversa, o presidente do Conselho de Administração da Groundforce pergunta ao governante se "o acionista privado da TAP está a colocar dinheiro na mesma proporção que o Estado está a colocar dinheiro na TAP?". Ao que o ministro responde que o Governo está "a negociar com Bruxelas, no quadro da reestruturação da TAP, o que vai exigir a conversão de parte, senão da totalidade, em capital".
"O que vai acontecer com a participação de Humberto Pedrosa é que vai evaporar, vai-se transformar em pó, não sei se chega a 1% [atualmente detém 27,5%]. Eles não vão acompanhar, vai-se diluir até uma participação residual. Só ainda não aconteceu agora, porque ainda não sabemos quanto a Comissão Europeia vai exigir que seja convertido em capital", revela Pedro Nuno Santos.
Alfredo Casimiro lamenta que não se tenha "chegado a uma conclusão" e que não haja solução à vista para a Groundforce, "um problema sério para resolver", não tendo nada para apresentar aos trabalhadores numa reunião agendada para o dia seguinte.
“Não vejo mais solução nenhuma. Tentei encontrar aqui as soluções possíveis e imaginárias para eu também ter algumas garantias […] e nada foi conseguido”, lamentou ainda.
Note-se que a Groundforce vai pagar 461.762 euros mensais à TAP pela utilização (aluguer) dos equipamentos que a companhia lhe comprou por cerca de sete milhões de euros, de acordo com o contrato assinado entre a TAP e a empresa de handling. Em causa estão ativos como tratores, escadas, autocarros e todo o tipo de equipamentos utilizados na prestação de serviços nos aeroportos.
Os salários em atraso relativos a fevereiro dos 2.400 trabalhadores da SPdH (Serviços Portugueses de Handling, comercialmente designada Groundforce Portugal) já foram pagos, com recurso às verbas recebidas da TAP no âmbito do acordo celebrado na sexta-feira com a companhia, que detém 49,9% do capital da empresa.
O pagamento foi concretizado após o acordo alcançado na quinta-feira – e fechado na sexta-feira – entre a administração da Groundforce e a TAP e que prevê a venda à companhia aérea, por cerca de sete milhões de euros, dos equipamentos da empresa de 'handling' (assistência nos aeroportos), que passa a pagar à TAP pelo aluguer deste material.