O povo de Israel foi a votos esta semana pela quarta vez em dois anos – e voltou a eleger Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro. Nas eleições legislativas, que realizaram na terça-feira, o resultado não foi o desejado pelo governante, uma vez que não obteve maioria parlamentar.
Mas também o bloco de partidos que formam a coligação anti-Netanyahu não conseguiu uma maioria parlamentar. É agora esperado que o parlamento entre em negociações para formar coligações que consigam garantir o controlo do governo israelita.
Segundo os resultados divulgados pelo jornal israelita Haaretz, o Likud de Netanyahu obteve 30 lugares no Parlamento, ficando a dois da maioria, seguido da formação centrista Yesh Atid, do líder da oposição Yair Lapid, com 19 deputados.
É mais um capítulo na caótica história recente da política israelita: estas eleições tiveram de ser antecipadas depois de o governo ter colapsado em dezembro de 2020, por força de inúmeras manifestações que exigiam a demissão de Netanyahu, acusado em três casos de corrupção diferentes. O julgamento está suspenso e só voltará a ser retomado em tribunal no dia 5 de abril.
Apesar de ter o rótulo de ser o primeiro chefe de Estado da história de Israel a ser julgado durante o mandato, Netanyahu apresentou um argumento que esperava que fizesse esquecer todas estas acusações: a organização de uma das melhores campanhas de vacinação contra a covid-19 do mundo.
Até ao momento, Israel já imunizou aproximadamente metade da população – de cerca 9 milhões de pessoas – com as duas doses da vacina, na sequência de um acordo com a PfizerBioNTech que permitiu uma entrega rápida em troca de dados biomédicos sobre o efeito da vacinação na população. Só o exército israelita ultrapassou na semana passada os 80% de vacinados ou recuperados da covid-19, tornando-se a primeira instituição a alcançar a imunidade coletiva, confirmou um porta-voz militar.
«Sabem quantos primeiros-ministros e presidentes ligam para a Pfizer e para a Moderna? Eles não respondem, mas a mim atenderam e convenci-os de que Israel seria um modelo para a vacina […]. Quem é que vai continuar a fazer isso?», questionou recentemente Netanyahu.
Agora que ficou claro que a campanha de vacinação não foi suficiente para fazer esquecer os erros do passado, para garantir a maioria parlamentar a administração de Netanyahu irá apostar na aliança com os partidos religiosos (ultraortodoxos) e com a extrema-direita, enquanto o Yesh Atid conta com um acordo com partidos de esquerda e do centro, mas também os de direita dececionados com o primeiro-ministro.