Em 24 horas, a administração de Jair Bolsonaro foi virada do “avesso”, depois do Presidente do Brasil ter feito uma reforma Ministerial ao alterar a titularidade das pastas da Justiça, Casa Civil, da Defesa, Relações Exteriores, da Secretaria de Governo e da Advocacia-Geral da União.
Entre as substituições, a mais sonante foi a do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que estava a sofrer uma forte pressão de políticos ligados a Bolsonaro, que o acusam de obstruir o acesso às vacinas contra a covid-19, divulgou a imprensa.
Araújo, membro do Governo de Bolsonaro desde o início do seu mandato, em janeiro de 2019, liderou uma guinada ultraconservadora e isolacionista da política externa brasileira, estreitando as relações com os Estados Unidos da América durante o Governo de Donald Trump. Fez mudanças de posições históricas do país em instituições multilaterais e promoveu embates com importantes parceiros comerciais do Brasil, nomeadamente a China.
No caso da China, Araújo teve um atrito com o embaixador de Pequim no Brasil por comentários que questionavam a eficácia das vacinas produzidas naquele país e aludiam à origem do vírus, detetado pela primeira vez na cidade de Wuhan.
Com a saída do ministro do Governo chega ao fim uma era que críticos de Araújo consideram ter sido o “mais calamitoso capitulo da história da diplomacia brasileira”. “Uma coisa é certa, ele foi o pior Ministro das Relações Exteriores que o Brasil já teve”, disse Celso Amorim, que esteve no cargo entre 2003 e 2011, citado pelo Guardian.
O substituto de Araújo e novo ministro das Relações Exteriores será o embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira que estava na assessoria especial da Presidência da República, em substituição de Ernesto Araújo.
Nos restantes cargos, a Casa Civil da Presidência da República, passará a ser liderada por Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, o Ministério da Justiça passará a ser o delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, para o Ministério da Defesa seguirá o general Walter Souza Braga Netto, atual chefe da Casa Civil e a Secretaria de Governo da Presidência da República será atribuída à deputada federal Flávia Arruda, do Partido Liberal.
Estas mudanças surgem num momento em que Bolsonaro está a receber novas críticas pela forma como está a gerir a pandemia e uma forte pressão para assumir responsabilidade pela elevada mortalidade provocada pela covid-19, que está quase a ultrapassar as 315 mil mortes, o segundo país no mundo com mais vítimas provocadas pela infeção.
Antes desta “dança das cadeiras” no Governo, no passado dia 16, o Presidente do Brasil já tinha trocado novamente de Ministro da Saúde. Esta mudança surgiu no momento mais crítico da pandemia, anunciando para o cargo o cardiologista Marcelo Queiroga, em substituição do general Eduardo Pazuello. É assim o quarto ministro a assumir esta função durante o mandato de Bolsonaro.