Alexei Navalny denunciou, esta segunda-feira, uma vez mais, as condições em que vive no centro penitenciário N.º 2 de Pokrov, para onde foi transferido há quase um mês. Segundo o opositor russo, três dos seus colegas de cela já foram hospitalizados devido a suspeitas de tuberculose e o próprio está com "tosse forte e temperatura de 38,1.ºC".
Num comunicado, divulgado nas suas redes sociais, um dia após ter sido emitido na televisão estatal da Rússia imagens de Navalny "sentado na melhor prisão com condições e alimentação ideais, como num restaurante", o opositor do regime de Vladimir Putin diz que três dos seus colegas foram internados com tuberculose.
"São 15 pessoas na cela, ou seja, 20% do número estão doentes, isso é muito superior ao limiar epidemiológico", afirma.
No entanto, a situação está a ser desvalorizada pelas autoridades e o estabelecimento está a retratado pela comunicação social estatal como "exemplar e ideal". "Fico surpreendido que não haja o vírus da Ébola aqui", revela.
Após a hospitalização do terceiro colega, os detidos foram ler as normas de "prevenção da doença". "Eles escrevem que precisamos de aumentar a imunidade com uma boa nutrição e alimentos ricos em proteínas", sublinha Navalny, afirmando que no estabelecimento é impossível manter uma boa alimentação, uma vez que os "presos comem mingaus, como 'cola' e batatas congeladas".
"Convido os correspondentes dos canais de Putin para passar a noite na nossa 'prisão ideal', numa cama com um condenado com tosse", diz.
Navalny revela ainda que está com sintomas de tuberculose. "Estou a citar os dados oficiais da medição de temperatua de hoje: 'Navalny, tosse forte, temperatura 38,1'". "Se eu tiver um tubo, talvez isso acabe com a dor nas costas e a dormência nas minhas pernas. É bom. Fortaleça a sua imunidade", ironiza.
Recorde-se que Navalny está em greve de fome desde o passado dia 31 de março. O protesto começou após as autoridades terem ignorado o seu pedido para ser examinado, por um médico independente, a "uma aguda dor nas costas".
"Continuo a minha greve de fome, é claro. Tenho o direto legal de pedir um médico especialista às minhas próprias custas. Não vou desistir, e os médicos da prisão são tão confiáveis quanto a televisão estatal", termina.