A mulher acusada de ter esfaqueado mortalmente o companheiro em Estarreja, no distrito de Aveiro, em 2020, alega que a morte foi acidental e que o homem se espetou quando tentava tirar-lhe a faca da mão.
"Fui buscar uma faca, mas era para me matar a mim", disse, citada pela agência Lusa, a arguida, de 46 anos, no Tribunal de Aveiro, onde decorreu, esta quarta-feira, a primeira sessão do julgamento.
O crime ocorreu no dia 15 de maio de 2020, cerca das 03h30, na residência do casal em Estarreja, depois de uma discussão relacionada com uma mensagem que o companheiro tinha recebido.
"Ele começou a maltratar-me. Eu chateei-me, sai da cama e atirei o telemóvel ao chão. Ele disse que me partia toda", contou no tribunal a mulher, atualmente em prisão preventiva.
A acusada explicou que a faca era para se matar a si e não o companheiro, alegando que queria acabar com o seu próprio sofrimento,
"Ele tentou tirar-me a faca da mão. Não tive força para segurar a faca e ele espetou-se", relatou a mulher, que adiantou que as discussões do casal começaram em 2019, quando esta terá descoberto que o companheiro a traía com outras mulheres.
Disse ainda que andava "muito depressiva e com muita ansiedade" devido às discussões e negou ter ameaçado de morte o companheiro. "O que eu dizia era que me matava a mim, que não aguentava mais", afirmou.
Já a acusação do Ministério Público refere que após uma discussão com o companheiro, a arguida se dirigiu à cozinha para ir buscar uma faca e que, perante o seu filho de 18 anos, desferiu um golpe na direção do peito do ofendido.
Terá retirado depois a faca do corpo da vítima, ainda segundo o MP, que deu alguns passos em direção ao corredor da habitação, onde acabou por cair no chão e morrer.