Na semana passada o número de testes à covid-19 feitos no país tornou a baixar: segundo os dados agora disponibilizados pela DGS para toda a semana, foram feitos um total de 165 858 testes à covid-19 no país, menos do que na semana anterior. A reabertura das escolas esta semana está a fazer-se acompanhar de mais testes nos estabelecimentos de ensino, mas na primeira etapa do desconfinamento o pico da subida de testagem verificou-se apenas na semana de reabertura, entre 15 e 21 de março. Foram feitos nessa semana 266 mil testes no país. Na seguinte já só foram 181 mil.
Ontem, após uma reunião por videoconferência com os autarcas dos concelhos de maior risco, o primeiro-ministro garantiu que a testagem será intensificada nestes concelhos. O reforço da testagem nos concelhos com uma incidência cumulativa superior a 120 casos por 100 mil habitantes está previsto na estratégia de testagem da DGS desde fevereiro mas só agora parece estar também a descolar.
As declarações do primeiro-ministro foram criticadas pelo Bloco de Esquerda. “António Costa anunciou hoje, pela enésima vez, que o Governo irá intensificar a testagem. A pergunta é: porque não o fez ainda? Porque não o fez depois de tantas vezes que o anunciou? Porque não o fez nas atividades que nunca pararam (e que, segundo o Governo, serão aquelas onde se registam surtos)? Porque não o fez como medida essencial para acompanhar as medidas de desconfinamento?”, escreveu o deputado Moisés Ferreira nas redes sociais, publicando o gráfico da DGS que mostra a evolução dos testes feitos no país. “Olhando para a evolução da testagem não se vê nenhum reforço significativo (à exceção do epifenómeno da testagem à comunidades educativa na altura da reabertura das escolas). Excetuando esse ‘pico’ os valores tenderam para os números mais baixos desde meados de janeiro”.
Na semana passada, eram 26 os municípios acima deste patamar de 120 casos por 100 mil habitantes, 19 no continente. Mas alguns mantêm-se nessa situação há várias semanas e só agora avança a intensificação da testagem. É o caso de Odemira, uma das câmaras que integra o grupo dos concelhos de com maior incidência cumulativa a 14 dias e anunciou esta semana que terá uma estratégia de testagem baseada em centros de testagem fixos e móveis, por forma a abranger o máximo de população possível. “Serão realizados de imediato cerca de cinco mil testes, entre cidadãos nacionais e migrantes”, indicou o município, dando nota de que a testagem teve início no dia 5 de abril, através de um centro móvel, e nesta primeira fase a testagem está a decorrer nas empresas de atividade agrícola.
“Prosseguirá para os serviços municipais essenciais, designadamente os serviços de abastecimento de água e de águas residuais, de recolha e gestão de resíduos, de transportes e proteção civil e depois para outros serviços e à população em geral. Ainda esta semana, será instalado um centro de testagem fixo em Odemira, onde a população poderá deslocar-se para realizar, de forma gratuita, o teste à Covid-19”, disse ainda o município, que informou que a operacionalização da testagem resultou da articulação entre a Autoridade Local de Saúde, Unidade de Saúde Pública/Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), Administração Regional de Saúde do Alentejo, Município de Odemira e Serviço Municipal de Proteção Civil, Cruz Vermelha Portuguesa, entidades locais e regionais.
Notificações atrasadas No boletim desta terça-feira, a Direção-Geral da Saúde deu nota de que durante segunda-feira deram entrada no sistema 599 casos de covid-19 que tinham sido diagnosticados no fim de semana e que só agora foram reportados. Assim, do total de 874 casos no boletim, apenas 275 dizem respeito a diagnósticos nas últimas 24 horas. Foram menos casos do que na semana passada, mas todas as semanas há um atraso de notificações ao fim de semana e os números não costumam ser detalhados nos boletins. Nesta semana, por ter sido feriado na sexta-feira, o acumulado foi maior, mas só os próximos dias permitirão perceber se a epidemia se mantém num nível estável ou se se verifica uma subida de diagnósticos.