Tribunal saudita condena ativista a 20 anos de prisão por expressar a sua opinião no Twitter

Abdelrahman al-Sadhan tem 30 dias para recorrer da sentença.

Um ativista dos direitos humanos foi condenado a 20 anos de prisão por um tribunal saudita por expressar as suas opiniões sobre assuntos de caráter público na plataforma Twitter, revelou, esta quinta-feira, uma organização não-governamental num comunicado.

De acordo com o Centro do Golfo para os Direitos Humanos (CGDH), citado pela agência EFE, o saudita Abdelrahman al-Sadhan foi sentenciado no dia 5 de abril, pelo Tribunal Penal Especializado de Riade.

Este tribunal especializado foi "criado em 2008 para julgar membros de grupos terroristas", mas, segundo o CGDH, "tem sido usada para deter ativistas e defensores dos direitos humanos".

Sem entrar em grandes detalhes, o CGDH sublinhou que estas "estão relacionadas com as suas atividades pacíficas no Twitter", que o ativista usou para "expressar os seus pontos de vista sobre assuntos públicos dos cidadãos".

Abdelrahman al-Sadhan tem 30 dias para recorrer da sentença, indicou a organização não-governamental.

O ativista foi detido em 12 de março de 2018 nos escritórios do Crescente Vermelho saudita, uma organização na qual estava empregado como trabalhador humanitário. Desde a sua detenção, que “não havia sido levado a julgamento”, disse o CGDH em nota.

Vários ativistas de direitos humanos já criticaram no Twitter a sentença contra Al-Sadhan e a sua irmã, Areei al-Sadhan, denunciou hoje que "a Arábia Saudita se esconde atrás da luta contra o terrorismo para justificar a sua perseguição às mulheres e a supressão da liberdade de opinião".

Para além de Abdelrahman al-Sadhan, o CGDH indicou outra ativista que também foi detida por se expressar nas redes sociais e foi presa na cidade Jeddah a 17 de maio de 2020 "aparentemente após se referir ao príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, como 'Abu Munshar', que significa 'pai das montanhas'”.

Recorde-se que Bin Salman foi acusado por organizações de direitos humanos e pelos Estados Unidos de ter ordenado a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que foi assassinado e esquartejado por agentes de Riade no consulado em Istambul, em outubro de 2018.