O deputado e secretário-geral adjunto do PSD Hugo Carneiro é um dos principais redatores e defensores do projeto-lei que o PSD, em conjunto com o PS, aprovou no verão de 2020 e que dificulta a organização e criação de Grupos de Cidadãos Eleitores.
Em 2013, no entanto, o deputado do PSD parecia ter outra visão sobre os movimentos independentes, mantendo-se lado a lado com Rui Moreira durante a entrega das assinaturas para validar a sua candidatura à Câmara Municipal do Porto (CMP), contra o então candidato do PSD, Luís Filipe Menezes.
Carneiro, de apenas 38 anos, foi o homem escolhido por Rui Rio para liderar as contas do partido, e parece não ter o mesmo apreço por Rui Moreira que tinha em 2013. O secretário-geral adjunto do PSD acusou o autarca do Porto, em fevereiro deste ano, de querer «abandalhar» as regras da próxima corrida autárquica, conforme citava o jornal Expresso, «ao tentar fazer passar o Grupo de Cidadãos Eleitores como um movimento único, quando na verdade seria um partido regional». Na mesma entrevista, afirmava também que «não existe nenhuma exigência de reconhecimento notarial de assinaturas, como é dito, o que de resto é expressamente proibido por lei», desmentindo Rui Moreira. Já em 2020, Hugo Carneiro admitia ao jornal Observador acreditar que «a liderança de Rui Moreira está em declínio». Aliás, Carneiro chegou a apontar o dedo a Rui Moreira, num artigo de opinião publicado no jornal PÚBLICO, em que acusava o autarca do Porto de mentir quando o mesmo anunciou que teria de recolher 7000 assinaturas para a sua candidatura, e de exigir e intimar o Parlamento, em 2017, a «mudar a lei eleitoral, naquilo que ficou conhecido como a Lei Rui Moreira». «Agora está a fazer o mesmo, para promover o abandalhamento das regras e com isso obter um favorecimento e ao mesmo virar as pessoas contra os partidos políticos», defende ainda.
Carneiro foi um dos promotores da alteração da lei eleitoral no ano passado e, agora, é novamente a cara do PSD para a revisão revisão e alteração da mesma lei.