O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem reservados 262 milhões de euros para o mar português, mas a indústria das pescas vai apenas ter direito a 20 milhões. O montante está incluído no capitulo para a «melhoria das condições de trabalho e segurança nas pescas e pequenos portos» e, na prática, distribui pelos profissionais da pesca um montante bem inferior em comparação com os restantes investimentos – os denominados pelo Governo «hub azul, rede de infraestruturas para a economia azul» (com 71 milhões), «alargamento da segurança e da vigilância marítima no mar português» (39 milhões), «desenvolvimento da oferta formativa na economia do mar» (22 milhões) e «centro de operações de defesa do atlântico e plataforma naval» (110 milhões).
É precisamente este último investimento – o mais avultado de todos –, no valor de 110 milhões de euros, que tem revoltado o setor. O projeto prevê a instalação de um navio de investigação muito ao género do mítico ‘Calypso’ do francês Jacques-Yves Cousteau que, durante décadas, deu a conhecer ao mundo os segredos do ‘grande azul’.
O equipamento ficará a cargo da Universidade dos Açores, instituição da qual é próximo o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos. É precisamente nessa instituição que o governante é investigador principal. Serrão Santos, natural de Portalegre, mas radicado nos Açores (vive entre São Miguel e o Faial). Na Universidade dos Açores exerceu ainda funções como diretor do departamento de Oceanografia e Pescas (entre 1997 e 2011) e foi pró-reitor para os assuntos do mar e para a coordenação do Campus da Horta (entre 2003 e 2012).