O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) acusa o Governo e a administração da TAP de estarem a provocar o “suicídio” da companhia aérea através do processo de reestruturação – desenvolvido pelo Boston Consulting Group (BCG) – que continua a prever o corte de mais postos de trabalho na empresa.
Em comunicado, o sindicato – que recorda que “até março deste ano (…) foram destruídos cerca de 1600 postos de trabalho” e que “e as chamadas medidas voluntárias (…) [levaram à saída de] mais 700 trabalhadores” – questiona a razão pela qual os responsáveis da empresa “vêm de novo insistir em mais despedimentos", depois de uma reunião realizada na passada sexta-feira entre administração da TAP e representantes dos trabalhadores.
“Desde há muitos meses que os trabalhadores da TAP vivem um tenebroso quotidiano de ameaças e cortes salariais, e não é a pandemia a principal causa desta situação. É bom recordar, que desde o passado mês de setembro que são públicas as intenções da Administração da TAP, e do próprio Governo, em reduzir a TAP à sua expressão mais simples, que é como quem diz a uma TAP pequenina que não incomode, e dê espaço aos grandes grupos internacionais, a quem a Comunidade Europeia há muito quer entregar o transporte aéreo, e parece que o Governo português, convive bem com esta ‘inevitabilidade’”, acusa o Sitava no comunicado.
Na mesma nota, o sindicato liderado por José Sousa refere que “não vale a pena tentarem enganar-nos dizendo-nos: ‘sim agora ficamos reduzidos a pó, mas no próximo ano já vamos contratar’”. “Isso são histórias infantis. Esquecem-se, provavelmente, que depois de perdermos quota de mercado jamais a recuperaremos frente aos grandes operadores que, ao contrário da TAP, não se autodestruíram”, sublinha.
Regressam dúvidas sobre TAP M&E. O Sitava voltou ainda a criticar os planos do Governo e da TAP para a TAP M&E [Manutenção e Engenharia], colocando em cima da mesa a possibilidade da manutenção de aviões da companhia continuar a ser feita no Brasil, ao contrário do que tinha sido dito pelo ministro Pedro Nuno Santos e pelo presidente do conselho de administração da TAP Miguel Frasquilho.
“E quanto à M&E Brasil que continua a ser o habitual sorvedouro de recursos, o que nos dizem é que estão a estudar todas as hipóteses, onde parece que se inclui também a manutenção dessa aberração técnica e económica. Não chegarão ainda os mais de mil milhões de euros de prejuízos já contabilizados?”, diz o comunicado do Sitava.
Recorde-se que Miguel Frasquilho disse em fevereiro no Parlamento que a manutenção dos aviões da TAP vai deixar de ser feita no Brasil – na TAP M&E Brasil – a partir do final deste ano. “Estamos a ver que propostas aparecem, mas, independentemente do que possa acontecer à TAP M&E Brasil, o plano já não prevê a realização da atividade de manutenção de aeronaves da TAP no Brasil a partir do final deste ano”, disse, na altura, Miguel Frasquilho.