António Gameiro retirou a sua candidatura à Câmara de Ourém, demitiu-se da presidência da Concelhia do PS e vai apresentar a demissão do Conselho de Fiscalização do Sistema Integrado de Informação Criminal. Contudo, vai manter o lugar de deputado.
“Retiro a minha candidatura à Câmara de Ourém, demito-me, igualmente, de presidente da Concelhia do PS de Ourém e apresentarei, com efeitos ao dia de hoje, a minha demissão do Conselho de Fiscalização do Sistema Integrado de Informação Criminal", informou o deputado socialista à agência Lusa.
"Esta minha decisão prende-se com o facto de, perante a situação que estou a viver, ser meu dever afastar o PS, os oureenses e a função de conselheiro deste processo", explicou.
António Gameiro é um dos suspeitos na Operação Triângulo, que levou à detenção da presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, que ontem renunciou ao mandato autárquico.
O socialista tinha anunciado, no domingo, a candidatura ao município de Ourém.
"Mantenho o lugar de deputado, pois acredito que a presunção de inocência relativamente ao cargo se mantém, dado que a minha intervenção neste processo foi pessoal e profissional", disse ainda, declarando estar "de consciência tranquila, aguardando serenamente ser ouvido pelas instâncias judiciais", para se "poder defender e esclarecer toda esta situação".
Recorde-se que, na terça-feira, a Polícia Judiciária deteve quatro pessoas por suspeitas de corrupção, recebimento indevido de vantagem e abuso de poder na intermediação de um negócio imobiliário em Monte Gordo.
Na quarta-feira, António Gameiro confirmou que a PJ fez buscas às suas duas casas e ao escritório onde é consultor, no âmbito deste processo. Segundo o deputado, a sua "única ligação a este processo é de natureza estritamente profissional, como consultor de um escritório de advogados", explicando que "no âmbito da consultadoria, apenas" recolheu informação, solicitou pareceres e redigiu cartas, "a pedido do escritório, por solicitação da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António".
Esta sexta-feira, a Procuradoria-geral da República (PGR) confirmou que o processo tem agora um total de oito arguidos. No final do primeiro interrogatório judicial, o juiz-presidente da Comarca de Évora, José Francisco Saruga Martins, adiantou que entre os arguidos estavam a presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, o empresário Carlos Alberto Casimiro de Matos, não só a título individual, mas também na qualidade de representante legal da Sociedade Saint Germain – Empreendimentos Imobiliários SA, João Faustino Ribeiro e José Maria Mateus Cavaco Silva.