As leis da física são desafiadas a cada etapa do Campeonato Mundial de MotoGP, Moto2 e Moto3. Os pilotos roçam o asfalto a cada curva, chegando a fazer ângulos de 60.º, e atingem velocidades até aos 330 km/h, ingredientes que, juntos, formam um verdadeiro cocktail Molotov. O 16.º Grande Prémio de Portugal foi uma tarde ilustrativa de como a gravidade pode ser desafiada, mas não pode ser superada. Além das inúmeras quedas que marcaram as corridas de Moto2 e Moto3 em Portimão, o Grande Prémio de Portugal de MotoGP acabou com Jack Miller, Valentino Rossi, Álex Rins e Johann Zarco fora da etapa por quedas, acumulando drama após drama. Miguel Oliveira, o piloto português da KTM, sofreu também uma forte caída (a segunda neste Grande Prémio, tomando em conta o tombo na qualificação), ainda assim, conseguiu recuperar, acabando a corrida em 16.º lugar. O desempenho do piloto português no segundo Grande Prémio de Portugal da sua carreira, tendo vencido o primeiro, ficou fortemente marcado por estas quedas, depois de um desequilíbrio o ter levado, no sábado, a ter de se contentar com a partida do 10.º lugar da grelha. Já no domingo, durante a corrida, o piloto de Almada teve dificuldades em encontrar o ritmo certo, acabando por cair para o 15.º lugar pouco depois do início das hostilidades. O panorama não previa uma segunda vitória para Oliveira em casa, e na sexta volta, o piloto português acabou por tombar. Com a mota na gravilha, no entanto, Miguel Oliveira não se deu por vencido, e, apesar de ter caído para o 19.º lugar, regressou à corrida, que acabaria na 16.ª posição, à porta dos pontos, graças às desistências de vários outros pilotos.
Fabio Quartararo, o piloto francês da Yamaha que tinha já vencido o Grande Prémio de Doha de MotoGP, acabou por conquistar a segunda vitória consecutiva na temporada em Portimão, com folgada distância para o segundo lugar, ocupado por Francesco Bagnaia (Ducati), e o terceiro lugar, de Joan Mir (Suzuki), o espanhol que conquistou o título mundial em 2020. Quartararo completou as 25 voltas do Autódromo Internacional do Algarve em 41’46.412, com mais de quatro segundos de vantagem frente ao segundo lugar. O piloto da Yamaha beneficiou da dramática queda do espanhol Álex Rins, que seguia de perto o francês nas últimas voltas da corrida, mas acabou por cair da sua mota Suzuki. Também a queda de Johann Zarco, o compatriota que liderava a classificação geral à entrada desta etapa, permitiu ao francês da Yamaha subir ao primeiro lugar da geral, com 61 pontos, concluindo um fim de semana muito positivo, com o colega de equipa Maverick Viñales a fechar a corrida em 11.º lugar.
O destaque deste Grande Prémio de Portugal de MotoGP vai também para Marc Márquez, o hexacampeão espanhol da Repsol Honda, que, no início da temporada de 2020, se viu afastado dos circuitos após uma grave lesão em Jerez de la Frontera. Mais de nove meses depois, Márquez juntou-se ao seu irmão Álex, da LCR Honda, no Campeonato Mundial de MotoGP, e não mostrou sinais de ter perdido as capacidades que o levaram a vencer esta competição, até agora, seis vezes. Marc Márquez voou pelo circuito de Portimão, fechando a corrida em sétimo lugar, quatro segundos à frente do irmão, que alcançou o oitavo lugar.
Verstappen vence em Ímola Findada a MotoGP, veio a Fórmula 1. A emoção sobre rodas não parou no domingo, e, com um brevíssimo intervalo, os fãs do desporto automóvel mal tiveram tempo para mudar de canal entre o Grande Prémio de Portugal de MotoGP, e o Grande Prémio dell’Emilia Romagna/Ímola de Fórmula 1, a decorrer no circuito Enzo e Dino Ferrari, na cidade transalpina de Ímola, onde Max Verstappen conquistou a primeiro vitória da temporada.
A chuva no circuito – que foi o palco do trágico acidente de Ayrton Senna, em 1994 – previa desastre, e, ainda antes do início da corrida, já havia drama no ar. Fernando Alonso, que regressou à competição nesta temporada, acabou por ir contra as barreiras do circuito na volta de aquecimento, e o Aston Martin de Lance Stroll mostrava já problemas mecânicos. Resolvidas as questões, Nicholas Latifi e Nikita Mazepin fizeram contacto logo na primeira volta, obrigando à entrada do Safety Car e, pouco depois, Mick Schumacher, rookie e filho do mítico piloto Michael Schumacher, acabou por se envolver também num incidente, no primeiro de vários relacionados com as péssimas condições climatéricas na região.
O momento mais dramático, no entanto, deu-se quando Lewis Hamilton, heptacampeão mundial, deslizou para fora do circuito, colocando em causa a sua luta pela liderança e, logo de seguida, um acidente entre o colega de equipa, Valtteri Bottas, e George Russell, colocou os dois pilotos fora da corrida, resultando numa bandeira vermelha, que obrigou a uma pausa na corrida desastrosa em Ímola, à 34.ª volta.
Retomada a competição, mais surpresas chegaram ao circuito Enzo e Dino Ferrari, com momentos de susto para Max Verstappen, o holandês que se manteve na liderança da corrida até ao fim, lucrando do erro de Lewis Hamilton, e fazendo uma brilhante exibição, que lhe valeu a primeira vitória da temporada.
Impressionante foi também a corrida de Lando Norris, da McLaren, que findou no terceiro lugar, e do duo Charles Leclerc/Carlos Sainz, da Ferrari, que ficou às portas do pódio na sua corrida ’em casa’.
Lewis Hamilton, apesar da derrapagem momentos antes da interrupção da corrida, não é conhecido por aceitar facilmente uma derrota, e acabou por fazer uma paulatina subida pela grelha, desde o oitavo lugar que ocupava na retoma da corrida, até ao segundo lugar.
A corrida em Ímola ficará na memória dos fãs pelos inúmeros incidentes causados pela chuva, a corrida exemplar de Max Verstappen, e a maneira como Lewis Hamilton se ergueu desde o oitavo lugar até ao segundo posto do pódio.