A autoridade nacional de saúde emitiu novas orientações para o que deve ser feito quando são detetados casos positivos de covid-19 nesta fase de retoma do ensino presencial. Uma orientação de 12 de abril, partilhada por alguns agrupamentos escolares, determina que, perante um caso positivo, a turma deve ficar preventivamente em casa e que deve ser promovida a testagem massiva das crianças e da comunidade escolar e também dos co-habitantes das crianças. “A atual situação epidemiológica de circulação ativa de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 na comunidade escolar, o comportamento do vírus que sofreu mutações e o perfil epidemiológico dos casos confirmados verificados na região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo e na região de Saúde do Algarve justificam a implementação de um conjunto de medidas de saúde pública, extraordinárias e excecionais, de mitigação da transmissão da covid-19, minimizando o risco de aparecimento de novos casos em contexto escolar”, lê-se na orientação assinada pela diretora-geral da Saúde, que estabelece que nos estabelecimentos escolares e centros de atividades de tempos livres que tenham ou venham a ter um novo caso deve ser promovida a testagem massiva de toda a comunidade educativa, no prazo de 48 horas após o conhecimento do caso confirmado. A mesma orientação estabelece que a definição da população em risco deve ser alargada de modo a maximizar a probabilidade de deteção de novos casos e abranger obrigatoriamente os coabitantes dos alunos, dos profissionais, bem como os grupos populacionais identificados pela investigação de cadeias de transmissão, realizada pelas autoridades de saúde de âmbito local.
Já após conhecimento de um caso positivo, “é determinado de imediato e preventivamente, pela autoridade se saúde territorialmente competente, a suspensão da atividade da turma, para salvaguarda da saúde pública, e enquanto se aguardam os resultados laboratoriais” do teste confirmatório. A turma passa assim a ser considerada o “grupo populacional mínimo” para efeitos de isolamento profilático de contactos. Se o caso positivo tiver sido testado com um teste rápido, a suspensão da atividade de turma será interrompida pela autoridade de saúde perante um resultado laboratorial negativo no teste molecular PCR. Se o teste PCR confirmar a infeção, toda a turma deve ser testada com teste rápido e ficar em isolamento 14 dias. “Perante a existência de outros casos confirmados, ponderar de imediato o encerramento de mais turmas ou de toda a escola/estabelecimento.” É também determinado que, em caso de surto, a autoridade de saúde deve solicitar a genotipagem das estirpes em causa.
Ontem, à Lusa, fonte da DGS indicou que se trata de uma determinação emitida pela primeira vez a 4 de abril, provisória, que “cessará os seus efeitos caso não se venha a verificar um impacto extraordinário na evolução da doença, resultante do regresso ao ensino presencial”. O i sabe no entanto que as novas regras já estão a ser aplicadas nas escolas. No caso de um professor que teste positivo, pode implicar que várias turmas com quem contacta fiquem em casa, pelo menos enquanto se aguarda o resultado do teste PCR.
Mais diagnósticos no grupo dos 10 aos 19 anos Na última semana foram diagnosticados menos casos de covid-19 no país do que na semana anterior. Analisando as notificações divulgadas pela DGS diariamente é possível verificar que apenas no grupo etário dos 10 aos 19 anos houve uma subida nos diagnósticos (+23%), com menos diagnósticos nas restantes faixas etárias, sendo preciso ter em conta que nessa semana tinham sido reportados 599 casos relativos à semana da Páscoa, o que torna este aumento na faixa etária dos 10 aos 19 anos na última semana potencialmente maior. Por outro lado, na semana passada verificou-se até sexta-feira uma descida de quase 40% nos testes feitos no país face à semana anterior. Esta semana, com a reabertura das universidades, a testagem está a ser reforçada mas ainda não há orientações sobre com que periodicidade devem ser feitos testes ‘preventivos’ em meio escolar. Já ontem a DGS atualizou também as orientações sobre casos suspeitos de covid-19, que em idade pediátrica passam a incluir sintomas gastrointestinais.
Ao longo da semana, de segunda-feira ao último domingo, foram diagnosticados no país 3450 casos de covid-19, 586 em crianças e jovens dos 0 aos 19 anos de idade. As faixas etárias dos 30 e 40 anos representaram o maior número de contágios e os idosos com mais de 80 anos foram o grupo com menos peso nos novos contágios: houve 168 diagnósticos nesta faixa etária, 4% do total, quando chegaram a ser 8%. O fim de semana ficou marcado pela vacinação em massa dos professores e pessoal escolar. Ao todo foram administradas durante o fim de semana 183 mil doses de vacinas, divulgou o Ministério da Saúde. Aproximam-se dos 2 milhões o universo de portugueses que já tem pelo menos a primeira dose da vacina e 652 874 já têm as duas doses feitas. No caso dos idosos com mais de 80 anos, a cobertura com a primeira dose da vacina aproxima-se dos 100%.