Com a extinção da URSS, os EUA assumiram a responsabilidade de ‘engolir’ a Ásia Central (o centro do mundo de Clausewitz) e a Rússia; esta, com o propósito de a partir aos bocados e ‘vender’ cada uma das suas partes. Ao Reino Unido (RU) foi dada a tarefa de assessorar o negócio da Rússia e colaborar no controlo político e de segurança da Polónia, dos Bálticos e outros países de leste. À União Europeia (UE) foi cometida a função de absorver económica e culturalmente o conjunto dos países do leste europeu. A ineficácia da UE foi de tal modo que, passados poucos anos, os ex-comunistas ameaçavam ganhar as eleições nesses países.
Os EUA decidiram então que a UE fizesse uma moeda única de modo a constituir um único polo financeiro capaz de uma ação coerente e eficaz naqueles países. O dólar perdeu, com isso, um importante campo de ação internacional no que respeita ao vasto comércio inter-europeu; porém, ‘não deixar fugir’ os países de leste justificava esse preço.
Para ensinar os europeus, os ‘de cá’ e os ‘de lá’, quanto à forma de resolver problemas caso estes se complicassem, os americanos promoveram a destruição da Jugoslávia e deixaram adormecida uma bomba-relógio na barriga da Europa, o Kosovo e adereços. Ultrapassado esse transe da Jugoslávia e correndo bem o resto, a UE começou então, como qualquer jovem pretensioso, a ‘saltar mais do que metro e meio’, isto é, a incentivar alguns produtores de petróleo a comercializarem em euros, em vez dos dólares a que estavam “obrigados”. Os incautos Saddam e Gaddafi acharam que essa era uma boa ‘3.ª via’ e, natural e exemplarmente, tiveram de pagar com a vida e a destruição dos respetivos países pela sua ‘indisciplina’.
A UE, malcomportada, e, ainda por cima, com sonhos grandiosos de ‘Lisboa a Vladivostok’ e de fazer um polo financeiro concorrente a Wall Street e a City, teria de ser posta na ordem. Para tal, os EUA lançaram-lhe uma armadilha financeira através do negócio dos ‘tóxicos’, a crise de 2008, da qual ainda não saiu e que estamos nós, os ‘do Sul’, a pagar com língua de palmo, para manter os Deutsche Bank, os Paribas e outros, do ‘centro’, a flutuar. Por isso, por cá vamos pagando os BPN, os BES e tudo o mais que for necessário, lançando dívidas sobre os netos por nascer.
A Sra. Merkel procurou manter a UE à tona de água e tentou ‘limpar’ os principais órgãos desta dos agentes dos EUA, a ‘equipa Barroso’, e criar uma ‘equipa europeia’.
Os americanos pensaram: Ai sim, estás a querer fugir ao controlo? Então, ‘fu… the Europe’ e mandaram-lhe com aquela operação da Ucrânia. Ela, a Merkel, lá foi de quarteto em quarteto, de Minsk à Normandia, a tentar dar um enquadramento europeu ao assunto. Mas, coitada, para além do ouro da Alemanha se encontrar sequestrado nos EUA, não consegue fazer nada já que a Ucrânia está tomada por dentro pelos Biden.
– E agora, dizem-lhe os americanos, não queres largar o Nord Stream? E andas, nas nossas costas, a fazer planos de investimentos com os chineses? Então vê lá como vais lidar com a guerrinha entre a Ucrânia e a Rússia que estamos a preparar!… E se esta não chegar, vamos ainda, através da Polónia e da Lituânia, cortar o acesso a Kaliningrado para fazer o ‘bicho saltar’!…
Esta é a versão teatralizada da atual situação na Europa: uma verdadeira colónia americana (inverteram-se os papeis!), ocupada militarmente e lançada ao sacrifício da liquidação física. Talvez os ingleses estejam a pensar que, a partir do Brexit e depois do desastre, venham a ser nomeados como ‘comissão administrativa’ de governo dos restos que sobrem.
Claro que este é um ‘plano estratégico’ que está na cabeça de muito “boa gente”, o qual, infelizmente, tem vindo a ser prosseguido.
Porém, os erros maiores não foram da UE, mas sim dos EUA e do RU, os quais não conseguiram resolver o assunto tanto da Ásia Central como da Rússia, de onde vêm com o rabinho entre as pernas, o que mostra bem que o ‘seu tempo’ já passou. Vão para casa, malandros, e deixem-nos viver em Paz! Como dizia o Zeca, «Não nos obriguem a vir para a rua gritar…».