O primeiro-ministro António Costa assinalou ontem oficialmente a conclusão das obras para a eletrificação do troço ferroviário da Linha do Minho, entre Viana do Castelo e Valença – e nem sequer a notícia do Público a dar conta que a obra continua atrasada e por acabar diminuiu o entusiasmo do chefe do Governo, que voltou a destacar como “prioridade” do Executivo a modernização da ferrovia em Portugal, naquele que, segundo o próprio, é “o maior investimento dos últimos 100 anos” feito no país.
Em causa estão os atrasos na instalação de sinalização eletrónica entre Nine (Famalicão) e Valença por parte da Infraestruturas de Portugal (IP). As obras estão a decorrer na ligação entre Nine e Viana do Castelo, e prevê-se a conclusão no final do ano; a intervenção no troço entre Viana do Castelo e Valença, por sua vez, só deve ficar finalizado em 2022.
“Revolução” no transporte de mercadorias À chegada a Valença (após viagem que demorou 43 minutos), António Costa afirmou aos jornalistas que o investimento na ferrovia “é uma revolução no transporte” em Portugal, nomeadamente para o transporte de mercadorias. “A enorme revolução que aqui temos é mesmo no transporte de mercadorias porque, com o aumento da frequência e a duplicação da dimensão dos comboios, nós triplicamos nesta linha a capacidade de transporte de mercadorias”,
O primeiro-ministro destacou que a aposta na Linha do Norte “é absolutamente decisiva para fortalecimento da capacidade e da competitividade desta grande região que é a Galiza e o norte de Portugal”. “A partir de hoje essa é uma realidade efetiva. É uma realidade que liga um grande porto de mar, que é o de Vigo, a um grande porto, que é o de Viana do Castelo , aliás agora beneficiado com novos acessos rodoviários, e ao porto de Leixões. Conseguimos ter aqui nesta frente atlântica um conjunto de grande infraestruturas portuárias servidas através da ligação ferroviárias”, disse.
“Bate-boca” com trabalhadores António Costa e o ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos foram recebidos com vaias e apupos à chegada a Valença por dois grupos em protesto: no interior da estação, a comissão de trabalhadores da IP e, no exterior, centenas de manifestantes que exigem a “reabertura imediata” das fronteiras com a Galiza.
Na estação, o primeiro-ministro “passou a bola” a Pedro Nuno Santos que acabou envolvido numa acesa troca de palavras com os trabalhadores da IP: “O senhor ignorou-nos. Não nos vire as costas, senhor ministro!”, gritou um manifestante. “Se há coisa que eu faço é reunir com sindicatos e comissões de trabalhadores, mais do que qualquer um já fez nesta função. Eu reúno-me com vocês”, garantiu o ministro enquanto se afastava.
Cá fora, os trabalhadores garantiram à comunicação social que o chefe de gabinete de António Costa assumiu “com 99,9% de possibilidades” que na próxima revisão do Governo das medidas para o controlo da pandemia as fronteiras com o país vizinho vão reabrir. “Vamos lá ver se não é mais uma mentira”, disse um dos presentes.