Professores e pessoal não docente do Ensino Superior começaram por reivindicar a inclusão no plano nacional de vacinação como prioritários, tal como os professores dos restantes níveis de ensino no país. Agora, as queixas do setor viram-se também para uma nova vertente: a testagem. “Não temos nenhuma indicação de alteração”, garante Mariana Gaio Alves, presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESP) ao i. O regresso ao ensino presencial nas universidades e politécnicos portugueses começou de mãos dadas com várias iniciativas de testagem da covid-19.
Ainda assim, e após as primeiras semanas do regime presencial de aulas, o SNESP recebeu várias queixas de docentes que se viram excluídos dos planos de testagem, ou que não puderam usufruir desta “vaga”, e que criticam o facto de, em muitas destas instituições, este ser o único momento de testagem previsto, sem qualquer periodicidade ou garantia de quando serão feitos os próximos testes nas diferentes universidades e politécnicos do país. “As informações que têm chegado é que nalgumas universidades e politécnicos está previsto que os professores e pessoal não docente sejam testados uma única vez, o que é manifestamente insuficiente para podermos monitorizar a evolução da situação pandémica e identificar rapidamente possíveis casos de contágio e possíveis surtos”, começou por explicar Mariana Gaio Alves, que aproveitou ainda para apontar o dedo à falta de organização de um plano geral e coordenado de testagem nas instituições do Ensino Superior:
“Temos uma situação muito diversificada entre as várias instituições de Ensino Superior, porque não existe aqui nenhuma coordenação central do Ministério. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) limitou-se a fazer uma recomendação de que deviam ser disponibilizados os testes”, denuncia.
As situações, explica a presidente do SNESP, são “muito diversas”, existindo “casos em que as pessoas não conseguiram ser testadas agora no regresso ao ensino presencial” e “casos em que as pessoas foram testadas, mas que não voltarão a sê-lo”.
A falta de coordenação nos planos de testagem e a falta de periodicidade, garante, são fatores ainda “mais graves” porque “os professores e o pessoal não docente estão excluídos da vacinação prioritária”, o que, num contexto em que o ensino regressou ao seu regime presencial – “e ainda bem porque isso é importante para os nossos alunos e para a qualidade do ensino e aprendizagem”, ressalva – estas situações de testagem “não estão em todas as instituições a dar a segurança que poderiam dar, se bem que seria sempre uma segurança limitada, porque se trata apenas de prevenir e monitorizar a evolução da pandemia”.
A preocupação do SNESP passa também pelo facto de “o MCTES, ao abrigo da autonomia, não traçar diretrizes nem planos coordenados de testagem no Ensino Superior”, o que põe em causa o facto de as instituições terem “recursos desiguais, em que podem nem todas ter recursos suficientes, tanto financeiros como humanos, para assegurar a testagem”. Essas disparidades resultam em situações em que “nem toda a gente faz o teste, nem toda a gente tem acesso, e a testagem em muitas instituições não vai ser regular e não vai ter lugar no decurso do período em que estamos em regime de ensino presencial, em que muitas vezes tem lugar apenas uma vez no início”.