Mísseis israelitas matam pelo menos 26 palestinianos

Um ataque por parte do Hamas que não provocou feridos nem danos desencadeou uma resposta desproporcional: Israel atingiu a Palestina com mais de 300 mísseis.

A violência entre Israel e a Palestina continua a escalar a ritmos alarmantes. Na noite de segunda-feira, as forças armadas israelitas lançaram mais de 300 mísseis contra a Faixa de Gaza, matando pelo menos 26 pessoas, entre as quais nove crianças, e provocando cerca de 122 feridos.

Esta ofensiva israelita, que já foi prosseguida com novos ataques ao longo de terça-feira, foi uma retaliação depois do Hamas, movimento islâmico na Palestina que controla a Faixa de Gaza, ter reivindicado um ataque contra a zona costeira de Israel, que não provocou danos, como “resposta aos crimes e à agressão à Cidade Santa”, como afirmou o próprio braço armado da luta dos palestinianos.

O Hamas tinha lançado um ultimato a Israel para que retirasse as suas forças armadas da mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do islão, onde soldados israelitas atacaram palestinianos com granadas atordoantes, balas de borracha e gás lacrimogéneo, deixando mais de 500 feridos e sem acesso a cuidados médicos.

Face aos mísseis lançados pelo Hamas, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que os palestinianos “ultrapassaram a linha vermelha” e ameaçou uma resposta “com grande força”.

Esta escalada de violência surge após Israel ter confirmado as paradas no Dia de Jerusalém, que assinala a ocupação da zona este de Jerusalém por parte de Israel, em 1967, uma ação que não é reconhecida por grande parte da comunidade internacional. O desfile é considerado um insulto pela comunidade palestiniana e vai realizar-se depois de um fim de semana de protestos contra o despejo de seis famílias em Sheikh Jarrah, um bairro palestiniano no leste de Jerusalém, uma ação que acabou por tornar-se um símbolo do esforço de Telavive para afastar palestinianos de regiões estratégicas.

Comunidade internacional pede fim da violência Os novos ataques de Israel à Palestina são os mais graves dos últimos anos. Dada a possibilidade de os confrontos subirem de tom, o chefe do Estado-Maior do exército israelita já convocou um reforço de tropas no sul do país, o que deixou a comunidade internacional em alvoroço.

Um porta-voz da ONU afirmou que a organização está “profundamente preocupada” com o aumento da violência em Israel nos territórios ocupados por palestinianos.

“Condenamos toda a violência e toda a incitação à violência, assim como as divisões étnicas e as provocações”, declarou Rupert Colville durante uma conferência de imprensa da ONU em Genebra, que acrescentou que as forças de segurança israelitas “claramente não respeitaram nos últimos dias” a sua obrigação de responder de forma proporcionada e de garantir o direito de reunião pacífica.

Os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, que reconheceram a independência do país em 1948, e o Reino Unido não se pronunciaram sobre os ataques desferidos em território palestiniano, mas não demoraram em condenar o Hamas por lançar mísseis contra Israel.

“Reconhecemos o direito legítimo de Israel de se defender, de defender o seu povo e o seu território”, afirmou o porta-voz da diplomacia dos EUA, Ned Price, citado pela DW, enquanto o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, condenou “o lançamento de foguetes em Jerusalém e vários locais de Israel”.

“A violência em Jerusalém e Gaza deve terminar. Precisamos de uma redução imediata da escalada de todos os lados, travando os ataques à população civil”, disse Raab.

Enquanto estes países condenam os ataques considerando que tem o mesmo peso, centenas de palestinianos em Gaza realizam funerais e procissões em honra às vítimas dos mísseis disparados por Israel.