A Direção Geral da Saúde apresentou ontem pela primeira vez dados que mostram como o que começou por ser um aumento de casos de covid-19 relativamente circunscrito alastrou nas duas últimas semanas a mais freguesias de Lisboa.
Os gráficos divulgados por André Peralta Santos, diretor de serviços de informação e análise da DGS, mostram que a 10 de maio havia apenas três freguesias com mais de 120 casos por 100 mil habitantes no concelho (Santa Maria Maior, Misericórdia e Arroios) e apenas uma acima dos 240 casos por 100 mil habitantes (Santa Maria Maior, que abrange a zona de Alfama, Baixa, Chiado, Castelo, e Mouraria).
Este domingo eram já nove freguesias acima do patamar dos 120 casos por 100 mil habitantes, estando acima dos 240 casos por 100 mil habitantes já não apenas Santa Maria Maior mas também as que há duas semanas estavam a amarelo.
Mas se agora há uma tendência de redução de casos onde tudo começou, a maioria das freguesias de Lisboa estão com uma tendência de subida de infeções, que parece dispersar-se também pelos concelhos vizinhos onde não existe no entanto ainda nenhuma freguesia acima dos 120 casos por 100 mil habitantes.
Como o Nascer do SOL já tinha noticiado, na semana passada apenas o concelho de Lisboa, como um todo, estava aproximar-se da linha dos 120 casos por 100 mil habitantes, com os concelhos à volta ainda maioritariamente no patamar dos 40 casos por 100 mil habitantes. Notava-se ainda assim uma tendência de subida de infeções nos concelhos à volta: na Amadora a incidência tinha subido 34%, em Loures 76%, em Odivelas 29% e em Sintra 17%.
Os mapas ontem apresentados por André Peralta Santos mostram que, na Amadora, é na freguesia da Falagueira-Venda Nova, colada a Lisboa, que se regista um maior aumento da incidência cumulativa 14 dias. Em Odivelas, há um aumento mais acentuado da incidência na freguesia da Pontinha. Em Sintra, a freguesia com uma variação maior é Casal de Cambra. Comparando com 10 de maio, a tendência é de aumento em mais do dobro das freguesias do que era na altura.
Apesar de já terem sido sinalizados mais de duas dezenas de casos associados aos festejos do Sporting, o aumento de casos já vinha de trás. “Parece-me um pouco arriscado tomar medidas só para Lisboa, devia-se ser mais abrangente na área metropolitana”, defendeu ontem, na RTP, o infecciologista António Silva Graça.