O fim das touradas na RTP está a provocar uma revolta no PS. Mais de 35 socialistas, entre os quais estão ex-ministros de António Costa, deputados e autarcas, acusam o Governo de «censura» por prever que a RTP deixe de transmitir corridas de toiros no novo contrato de concessão.
O presidente do PS, Carlos César, os ex-ministros da Cultura João Soares e Luís Castro Mendes, o histórico do PS Manuel Alegre e os deputados socialistas Sérgio Sousa Pinto e Ascenso Simões estão entre as 125 personalidades que assinaram uma carta aberta em defesa da «liberdade de programação» da RTP.
A iniciativa reuniu responsáveis políticos de quase todos os partidos, com exceção do BE e do PAN. João Oliveira, Alma Rivera e António Filipe, do PCP, Adão Silva e Duarte Marques, do PSD, ou Lobo Xavier e Telmo Correia, do CDS, alinham no protesto contra a decisão do Governo de retirar as touradas na televisão pública.
A carta, dirigida ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, à ministra da Cultura e ao presidente da RTP, conta também com o apoio de mais de duas dezenas de presidentes de câmara do PS, PSD e PCP.
Os defensores de que a RTP não deve acabar com as touradas, uma decisão assumida publicamente pelo secretário de Estado Nuno Artur Silva, argumentam que «a diversidade regional e das suas expressões culturais não podem ser alvo de censura num canal público, que se pretende de todos e para todos. Este tem de ser antes um espaço de livre programação cultural, dentro da lei, dando espaço a todos, na plural diversidade que constitui Portugal e os portugueses».
A carta aberta, que exige uma alteração no contrato de Serviço Público de Rádio e Televisão, defende ainda que a decisão do Governo «pretende atingir a tauromaquia, o que significa uma clara restrição da liberdade de programação do canal público de televisão, à margem do que refere a lei, e das obrigações de isenção do Estado».
O novo contrato de concessão da RTP, que está em fase de consulta pública, define que os conteúdos da televisão pública devem assegurar «o respeito pelo bem-estar dos animais». O secretário de Estado Nuno Artur Silva entendeu que as corridas de toiros não são compatíveis com este contrato.