“A raspadinha existe há mais de 25 anos em Portugal. A sua popularidade crescente tornou-se atualmente num grave problema de saúde pública cuja ausência de políticas públicas merece a maior das preocupações”. O alerta é lançado pelos deputados do PSD que questionaram esta terça-feira o Governo sobre as medidas que está a adotar para resolver este problema.
No requerimento, dirigido à ministra da Saúde, Marta Temido, o grupo parlamentar do PSD questiona o Governo sobre se está a “acompanhar o crescente número de pedidos de ajuda de pessoas dependentes deste tipo de jogo”. Os sociais-democratas pretendem ainda que a ministra da Saúde assuma posição sobre a raspadinha para “financiar a requalificação do património cultural”.
O documento entregue pelos deputados do PSD refere um estudo promovido por dois investigadores da Universidade do Minho. “Concluiu-se que as raspadinhas representam 50% do total das receitas de lotarias, tendo em 2018 representado 1.594 milhões de euros. Este valor significa que cada português gastou, em média, cerca de 160 euros por ano, um valor bem acima do que gastou, em média, um espanhol, cerca de 14 euros.
O PSD defende ainda que estes “números elevados são agravados pelo perfil dos jogadores” que são, segundo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em 80% dos casos pertencentes a classes sociais baixas.
“O sucesso destas apostas é relativamente fácil de explicar. São jogos de retribuição fácil, instantânea, quase milagrosa. O resultado tem sido um aumento crescente do número de pessoas a pedir ajuda aos hospitais, ao Centro de Apoio a Toxicodependentes e a clínicas privadas”, refere a pergunta enviada a Marta Temido.
Um estudo divulgado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) revelou que são os portugueses com rendimentimentos mais baixos quem mais aposta. O mesmo estudo revela que as mulheres apostam mais do que os homens neste tipo de jogo.