Afinal o mundo parou ou acelerou?

À medida que o tempo passa e a pandemia passa de situação excecional à situação corrente redefinindo a atuação de pessoas e da sociedade como um todo, o que percebemos é que afinal o mundo parece ter acelerado.

Com a pandemia o mundo parou. Entrou em lockdown, vieram as quarentenas, os hábitos mudaram e tudo foi de repente questionado. Muitos dizem que de repente houve uma pausa e se reavaliou o que é realmente importante, até a poluição abrandou e deu a entender que de repente o próprio planeta estava a abrandar. Parecia que de facto tudo estava mais lento, mais pensado, mais vivido, mais centrado no momento que estamos a viver.

Mas à medida que o tempo passa e a pandemia passa de situação excecional à situação corrente redefinindo a atuação de pessoas e da sociedade como um todo, o que percebemos é que afinal o mundo parece ter acelerado.

Acelerou-se a digitalização, as novas formas de trabalhar com o flexwork a assumir contornos de normalidade, novos modelos de negócio que surgem e também novos negócios. São várias as tendências que de facto foram aceleradas pela pandemia, mas a digitalização talvez seja aquela que mais eco teve. Tem. E terá.

O que antes parecia impossível como ter uma organização de milhares de pessoas a trabalhar a partir de casa é hoje o modus operandi e de facto os negócios não pararam e conseguiram adaptar-se de forma muito veloz. Quanto tempo demoraríamos a chegar a este novo modelo de trabalho se não existisse pandemia?

Hoje vemos as pessoas a reorganizarem por completo as suas vidas, a mudarem-se para o campo, a reajustarem hábitos, a comprar mais on-line, a reduzir o consumo e a repensar as causas em que apostamos. Depois de uma pausa parece que carregámos no forward e avançámos rapidamente para um futuro que hoje se tornou mais do que presente.

Além de marcas, serviços e todos os setores perceberam que a digitalização era urgente e os passos foram dados de forma bem mais rápida e certeira. E os erros cometidos, normais em processos de crescimento como estes, foram rapidamente assimilados mostrando a verdadeira capacidade de adaptação do ser humano.

Por isso é seguro dizer que páramos para agora avançar.

Avançar de forma mais consistente, coerente e construída. Mas é fundamental que neste processo não se perca o lado humano. O impacto na sociabilização, nas relações interpessoais não pode ser descurada. O toque e a proximidade não perderam a sua importância e corremos um sério risco se pensarmos assim.

Aceleramos mas sem esquecer as emoções. Muito se fala da crise emocional, das depressões e do impacto de tanta quarentena, tanta tecnologia e tanta virtualidade na vida de cada um de nós.

Daí ser importante tirarmos sempre o melhor de cada situação.

Porque parar pode de facto ser o trigger certo para depois avançar.

 

*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment