O Algarve ultrapassou a região de Lisboa na incidência de novos casos de covid-19, um dos indicadores usados na avaliação da situação epidemiológica, estando agora ambas as regiões acima dos 300 casos por 100 mil habitantes a 14 dias – Lisboa com 308 casos por 100 mil habitantes a 14 dias e o Algarve com 320 casos por 100 mil habitantes. O Sul atingiu este patamar mais rapidamente do que Lisboa, onde a epidemia começou a registar uma tendência de subida a 9 de maio, enquanto no Algarve o RT está acima de 1 desde 27 de maio.
Na semana passada, o concelho de Albufeira recuou no desconfinamento para horários de fecho às 15h30 por estar há duas semanas consecutivas com mais de 240 casos por 100 mil habitantes e Olhão ficou em risco de andar para trás esta semana, mas são agora vários os concelhos algarvios acima da linha vermelha definida pelo Governo, seguindo-se a trajetória de aumento de casos que se verificou em Lisboa.
O i tentou perceber junto do Ministério da Saúde se a interdição de circular sem certificado digital, como foi aplicada na Área Metropolitana de Lisboa, poderá aplicar-se no Algarve no próximo fim de semana, tendo a avaliação e decisões sido remetidas para o conselho de ministros desta quinta-feira.
Na circular que determinou a suspensão de aulas presenciais em várias escolas algarvias (ver pág. 4), a autoridade regional de saúde do Algarve fez este domingo ao final do dia um novo ponto de situação sobre a incidência nos concelhos algarvios, revelando que disparou nos últimos dias.
No ponto de situação divulgado na última sexta-feira pela DGS, que serviu de base à avaliação do Governo, no Algarve apenas Albufeira e Olhão registavam mais de 240 casos por 100 mil habitantes. Albufeira subiu entretanto para os 583 casos por 100 mil habitantes, Faro para 329 casos por 100 mil habitantes – na avaliação da semana passada estava com 190 casos por 100 mil habitantes – Loulé para 448 casos por 100 mil habitantes, Olhão para 448 e São Brás de Alportel para 326.
Até aqui, a estratégia seguida pelo Executivo tem sido o recuo para horários de novo limitados ao fim de semana nos concelhos que estejam mais de duas semanas com mais de 240 casos por 100 mil habitantes_(480 nos concelhos mais pequenos) pelo que, mantendo-se, apenas Olhão está à beira de recuar no desconfinamento já na próxima semana, mas sem um travão no aumento de casos ou mudança de regras o Algarve poderá voltar a ter essas medidas no início de julho, em plena época de férias.
AML à beira de recuar Na grande Lisboa, na última semana houve um desaceleração do aumento de diagnósticos, mas a tendência continua a ser de subida.
A maioria dos concelhos da AML já estava acima dos 240 casos por 100 mil habitantes na semana passada, pelo que o recuo para horários de fecho às 15h30 é o cenário mais provável e deverá manter-se na capital, que ao que o i apurou já regista uma incidência cumulativa superior a 500 casos por 100 mil habitantes.
Na última semana foram diagnosticados em todo o país 9643 novos casos de covid-19, um aumento de 25% face à semana anterior e transversal ao território. Apesar de continuar a representar a maioria dos novos casos (6216 na última semana), em Lisboa os diagnósticos aumentaram 21%, enquanto no Algarve a subida foi de 79%, com 900 casos diagnosticados nos últimos sete dias. Na região Norte houve um aumento de 19% nos diagnósticos, com um total de 1391 novos casos. Na região Centro os diagnósticos subiram 44%, com um total de 717 diagnósticos. No Alentejo foram diagnosticados 250 novos casos, mais 16% do que na semana anterior.
Os dados da DGS mostram que foi nas faixas etárias mais novas que se registou uma maior subida de diagnósticos e que os casos sinalizados nas escolas algarvias são apenas uma parte das infeções diagnosticadas em crianças e jovens, os grupos etários em que se registou uma maior subida de diagnósticos na semana passada. Foram detetados 751 novos casos em crianças até aos 9 anos, mais 43% do que na semana anterior. Os jovens entre os 20 e os 29 anos continuam a ser o grupo etário com mais novos casos, seguido da população na casa dos 30 e 40 anos. Verifica-se no entanto por mais uma semana o aumento de diagnósticos na casa dos 60, 70 e 80 anos, com a incidência a manter-se contudo abaixo das outras vagas da pandemia no país.